São as Coisas mais simples e pequeninas de Amar e do Amor.
A cada dia que passa na minha vida contigo… mais grata sou a TUDO o que fizeram comigo, Filha.
Minha querida, doce e bonita infância.
Hoje valorizo mais, agradeço mais, inspiro-me mais…
Hoje sinto-me, absolutamente, fascinada pelas mais simples e pequenas coisas que vivi, cheirei, senti, descobri, pisei, mergulhei, colhi, provei…
Hoje consigo aperceber-me do impacto de cada abraço no sofá, de cada colo embrulhada na toalha depois de um mergulho na água gelada da Ericeira, de cada passeio de sábado à tarde à Manjoeira para visitar os Avós, de cada receita que preparei empoleirada na cadeira da cozinha, de cada tarde no jardim a tirar os ovos da capoeira, de cada viagem de roulotte deitada no banco de trás, de cada copinho de iogurte cheio de conchas da praia do Matadouro, de cada final de tarde sentada nas pedras da calçada a tirar musgo e a observar os caracóis que subiam pela parede do vizinho, de cada adormecer de mãos dadas contigo, Mãe, deitada ao lado da minha cama…
Hoje as memórias são infinitas e o meu coração enche-se de Amor.
Do Amor que aprendi com os meus Pais.
Do Amor que me viu crescer e me fez acreditar em mim.
Hoje sei que a diferença na minha infância foi ter sido, sempre, a prioridade na Vida dos meus Pais.
(eu e a minha Mana Kida.)
Nas Coisas mais simples e pequeninas de Amar e do Amor.
… tão naturais e cheias de encanto.
Leais e fiéis à cultura onde cresci.
Procuro-as cada vez mais. Na minha memória e no meu coração. Cativam-me cada vez mais.
Intensamente.
As primeiras vezes nunca se esquecem.
Validam os meus projectos, os meus sonhos e os meus rumos.
Todos os Tesouros que o pensamento me traz à memória.
Do leite aquecido de manhã que tiravas, Pai, a nata com uma colher pequenina.
Das castanhas descascadas dentro da tigela ao lado da televisão e dos queijos frescos da Avó.
Do carapau em almoços de sardinhada e do perfume das violetas que colhíamos e metíamos dentro de um cálice pequenino para enfeitar a mesa posta do almoço de Domingo.
São as Coisas mais simples e pequeninas de Amar e do Amor.
… que são o mais importante e o maior que guardamos dentro do peito.
A proposito da Catarina Eufêmia (tinha um ano quando a Catarina foi abatida).
Quando tinha 11 ou 12 anos, logo a seguir ao exame da quarta classe, tal como a Catarina, também fui trabalhar para o Alentejo, 9 mêses.
Não sei quanto ganhei, sei que só fui pago ao fim dos 9 mêses. Além do ordenado, tínhamos direito todas as semanas a uns kg de farinha, azeite e um pedaço de carne gorda (toucinho). Era um homem com uma carroça, puchada por um burro, que passava trazer esses bens alimentares.
Eramos mais ou menos duas duzias de pessoas da minha terra, das quais faziam parte 5 rapazes (chamavam-nos os russos, nunca soube porquê). O homem da carroça, deixava também um pipito de vinho branco para vender, a cargo do manangeiro.
Dormíamos todos dentro do mesmo barracão em cima duns estrados. As mulheres num canto e os rapazes no outro. O pipo estava depositado no chão ao pé da nossa tarimba/estrado, não sei qual de nós, mas um arranjou uma pequena mangueira, maleável e à noite quando se apagavam as luzes, um de cada vez aspiravamos o vinho do pipo. As nossas tarefas, além do mesmo trabalho que as mulheres, era sair do "quartel" cedo para irmos à água e acender o lume no local onde íamos trabalhar. Com chuva ou sol, era todos os dias o mesmo ritual. Cada um possuia a sua panela e havia uma cozinheira que preparava as refeições. Basicamente a cozinheira punha as panelas ao lume e vigiava que não faltasse agua. Comiamos todos os dias no local de trabalho, não havia mêsas nem bancos, cada um se desenrascava. Era realmente tempo de miséria.
Quando regressei à minha terra, logo arranjei outro trabalho na pedreira. Não tendo pai, a minha mãe deixou-me entregue a um primo e veio para Paris tentar uma vida melhor.
Andei na pedreira quase 3 anos, nos últimos tempos ganhava 30$00 por dia. Isto em princípios de 1969. Em maio de 1969, quando a minha mãe ja tinha a vida um pouco organizada, vim para Paris, para evitar a guerra colonial e o regime Salazarista.
So a partir daqui de Paris é que comecei a compreender um pouco do mundo em que vivia . Foi nessa altura que soube a tragédia que se tinha passado em 1954 em Baleizão.
Assim se passou uma parte da minha vida. Além destes momentos vividos, posso dizer que não tenho nenhum ressentimento a não ser com o regime Salazarista. O que muito me magoa hoje é quando ouço pessoas dizer que no tempo do Salazar é que se estava bem.
O Senhor Doutor veste fados, bossas e outros roques com um dandismo de roulote e nódoas na jaqueta. Canta quem quer parecer, fazendo relatos dos mais típicos males da vida, ao ritmo de um burlesco optimismo.
Si vous cherchez une exposition Girl Power, vous ne devez pas manquer Women House, présentée du 20 octobre 2017 au 28 janvier 2018 à la Monnaie de Paris. Sur plus de 1000m², 40 artistes femmes des XXe et XXIe siècles expriment ce qu'est, à leur sens, les sentiments de la femme dans l'espace domestique. Tantôt cocon sécurisant, lieu de travail ou carrément prison, les femmes décrivent enfin l'histoire de la femme dans son intérieur, de la desperate housewife à la femme moderne !
L'exposition Women House est une belle exposition de la Monnaie de Paris, produite avec le National Museum of Women in the Arts.
Cette exposition trouve son nom dans le projet "Womanhouse" de Myriam Shapiro et Judy Chicago (Ecole des arts de Californie, 1972). Ces deux directrices du Programme d'art féministe n'avaient pas d'espace pour dispenser leurs cours, et décidèrent d'investir une maison avant sa démolition et d'en faire une "maison" de femmes, où chaque artiste prendrait possession d'une pièce.
Il faut attendre de nombreuses années pour que des projets d'art féministe arrivent en France ; on y avait retrouvé une théorie violente, celle de la "femme-maison". Pour Louise Bourgeois 5, puis Niki de Saint-Phalle, la femme serait absorbée par son foyer, devenant la protectrice et le soutien de toute sa famille au détriment de son confort et de sa propre sécurité.
Aussi, 7 ans plus tard, la Monnaie de Paris nous propose de nous saisir de ce sujet délicat : l'histoire de la femme dans son intérieur. Pour cette exposition, 40 femmes artistes sont mises en avant pour aborder 8 thématiques, dans une ambiance girl power.
Dès l'entrée, on se retrouve face aux questions de la place de la femme dans la société des années 50, tantôt femme objet, tantôt ménagère selon le planning des hommes. SORTIRAPARIS
BIRGIT JÜRGENSSEN, Ich möche hier raus ! (Je veux sortir d'ici)
1976/2006 photograohie noir et blanc 40x40 cm
VALIE EXPORT, Die Geburtenmadonna (La madonne des naissances) 1976
reconstitution d'après la Piéta Madonna della Febbre de Michel-Ange (1498-1499) à la basilique Saint-Pierre de Rome
Tinha tudo para se chamar Vila Amarela ou Vila Florida, mas esta é a Vila Fernandes ou Pátio dos Caldeireiros, por ali terem morado alguns. Fica a alguns metros da Praça das Flores, em Lisboa, mas passa completamente despercebida aos olhos dos mais incautos. A entrada é feita através de uma pequena passagem coberta, que nos leva a um corredor com escadinhas. A vila é composta por diferentes ruas e, aqui encontramos tanques de lavar roupa, vasos e flores sem fim e um ambiente pitoresco tão raro de encontrar no centro de uma cidade. https://misslisb.wordpress.com/
Loin des azulejos touristiques, une nouvelle génération revendique liberté et "non-binarité". Voyageant entre la danse, la chanson, le théâtre ou l’écrit, ces kids du 21ème siècle performent le genre et renouvellent l’esprit lisboète. Galerie de portraits réalisée dans les faubourgs de la capitale, là où les tramways ne s’arrêtent pas.
ANDRÉ, TOTAL LOOK PERSONNEL
C’est à son entrée en fac de lettres qu’André a compris qu'il voulait devenir danseur professionnel. Enfant, il admire Missy Elliott, Busta Rhymes, Naomi Campbell ou encore le chanteur portugais António Variações. Jusque-là, il pratique le hip-hop « mais quand j'ai commencé à être plus à Lisbonne que dans ma banlieue, j'ai senti le besoin de chercher un mouvement plus libre, je voulais aller au-delà de la technique. C'est comme ça que je me suis retrouvé à faire de la danse contemporaine. »
La vingtaine, André sait mieux que personne ce qu’il doit à la danse, tant elle affranchit les corps. « Si le monde actuel était une danse, ce ne serait certainement pas une danse de couple mais plutôt un solo très complexe, un véritable casse-tête. » Comment transformer sa différence en une force tranquille, telle est la préoccupation que partage toute une génération de millenials portugais.
NIX PORTE UN TOUR DE COU EN CRISTAL NOIR, UN TOUR DE COU DÉGRADÉ, UN TOP EN MAILLE MÉTALLIQUE ET UN COLLIER EN CHAINE DORÉ, TOTAL LOOK CEAGAGÊ @CEAGAGE
A 19 ans, Nix a abandonné ses études de photographie et se cherche encore à travers l'art et la mode. Elle et son groupe d'amis sont de toutes les fêtes MINA où l'on abandonne les étiquettes en matière de genre : « Là-bas, tu peux être qui tu es réellement. C'est un peu comme à Berlin. Les MINA sont des soirées utopiques où les gens se sentent super à l'aise. La nuit rend tout ça possible. » Il faut dire qu’à Lisbonne, dans un pays où les conservatismes n’ont pas encore totalement disparu, vivre sa vie comme on l’entend reste difficile : « Si t'es un garçon homo, une fille lesbienne, une personne non-binaire, quand tu grandis, tu n’es pas très représenté dans les médias. Aujourd’hui, dans les séries télé, il y a de plus en plus de personnages auxquels s’identifier. Quand j'étais plus jeune, en tant que trans, il n'y avait rien de tout ça. Petite je pensais même qu'il n'y avait pas d'autres homosexuel(le)s dans le monde. Et puis, souvent, je me demandais si je rencontrerais un jour quelqu'un que j'aimerais et qui m'aimerait en retour. »
SIMÃO PORTE UNE DE SES ROBES DE SCÈNE
Vivre au cœur d’une mégalopole laisserait-il paradoxalement plus de place pour exprimer sa singularité ? Simão, lui, a toujours su qu'un jour il quitterait le lycée de la petite ville où il a grandi pour étudier les arts du spectacle. « À 16 ans, je suis parti à Lisbonne pour devenir comédien. Je pensais que j'étais voué à jouer un personnage de la Cage aux Folles, un homme travesti. Quand je suis arrivé ici, je n'ai pas été victime de préjugés, les gens étaient vraiment différents. Mais petit à petit, au cours de ma formation, je me suis aperçu que dans le théâtre, parmi les comédiens, certains avaient des préjugés. Là, j'ai compris qu'il ne pouvait pas y avoir de rôles sans genre. À la fin de ma formation, j'ai décidé d’interpréter le rôle de Norma Desmond dans Sunset Boulevard mais le jury qui m'a évalué n'a pas compris ce qui se cachait derrière mes intentions. »
« Habituellement, une drag-queen choisit différents personnages à interpréter. Moi, je suis toujours Symone de La Dragma. Je fais des reprises de différentes chansons. Je n'imite personne et je ne fais jamais de play-back. Mon inspiration, je la trouve chez les actrices : Marlène Dietrich, Bette Davis ou Joan Crawford... ce genre-là. ». Toujours à la recherche d'une scène où il pourra chanter, Simão cumule les expériences. Après avoir participé à The Voice, il a joué dans la pièce de théâtre engagée imaginée par les artistes João Pedro Vale et Nuno Alexandre Ferreira intitulée Palhaço rico fode palhaço pobre. « Sur scène, mon personnage revendique le droit à être un monstre. Mon droit de ne pas être un homme ou une femme. X ou Y c'est ce que je suis. Pour le meilleur et pour le pire. »
GUILHERME PORTE UNE ROBE EN MOHAIR MORECCO @MORECCO_OFFICIAL.
Se représenter différemment pour soulever des questions profondes, tel est le projet qui anime Guilherme, qui a pourtant du mal à définir ce qu'il fait quand on lui pose de but en blanc la question : « On peut qualifier ça d’art vidéo ou d'art expérimental, mais je rêve toujours de réaliser un long-métrage. » Son travail sur l’isolement questionne le statut actuel de l’artiste obligé de s’exposer et de faire sa propre publicité. « Moi je suis plus du genre à disparaître, comme une tortue dans sa carapace. Pour moi Lisbonne c’est comme un squelette recouvert veines dans lesquelles coulent l'énergie qui irradie ses rues. »
Explorer son identité ou sa sexualité, quand elles sont difficilement acceptées socialement, font intrinsèquement partie de l’univers d’Aurora, chanteuse et performeuse à la voix magnétique et puissante, ou de Gabriel, venu à l’écriture par... Instagram : « Je suis entré dans l’écriture par l’image, à cause d’Instagram et de la pression à mettre une description. D’abord je faisais un selfie et de là, les mots me venaient. »
Há uns anos ninguém lhe sabia o nome. Mas já se torna claro que é o maior escritor de canções português da sua geração. Desde João Peste ou António Variações que não havia esta vibração e frescura que só quem canta com a verdade na voz consegue comunicar. O seu poder resulta, acima de tudo, de uma leitura de crítica e lucidez de ímpeto inquebrantável. Bernardo Fachada diz-nos que “há o cuidado de não substituir uma convenção por outra. Destruir sem fazer, sem ser moralista”. Aprendeu-o com a arte pop. “Basta documentar as convenções que elas fazem o trabalho por si (…), como se fosse um mundo sem cura”.
Esta visão incisiva das coisas só é possível aos intertextuais, e o percurso de aprendizagem do Bernardo é de facto raro e precoce. Cresceu com a música que o pai trazia para casa. Lembra 1985 como o ano em que lhe chegaram montanhas de discos vindos do Brasil, e que com eles trouxeram a educação musical da sua infância. Aos 4-5 anos tinha como dieta auditiva Toquinho, Paralamas do Sucesso, Tom Waits, Leo Jaime, Gentle Giant, Nina Simone ou os Specials, o que teria de dar mossa benigna. Após esse processo, foi com os CDs de Cohen, Dylan, ‘Graceland’ de Simon e os Talking Heads que foi levado até à pós-puberdade, época em que, com ‘Os Entre e os Contraentes’ de Alberto Pimenta, mais tarde o professor mais marcante que teve, começou, como diz, “a ler a sério”.
Esta educação rodeada pelas artes foi acompanhada por um percurso de estudo de 12 anos em formação musical e vários instrumentos, que arranca no violino, passa para o piano, acabando no final da sua adolescência no Hot Clube. Diz: “comecei a fazer objectos com forma de músicas”, “piadas privadas de grupo que começaram a ficar universais”, gradualmente, algum tempo após ter começado a estudar e tocar bossa nova. Mas a revelação de que ia ser músico, que “não é profissão de sonho, mas sim a que [lhe] calhou”, só acontece quando “encontra o som”, o seu – o único que importa, claro. Conseguiu, inesperadamente, aglutinar “o destino e feitio, questões emocionais e sociais, que coincidiram todas numa só actividade”.
Comparando com a música portuguesa com que cresceu, de Zeca Afonso, aos Mler Ife Dada até aos Pop Dell’ Arte, tem noção que atravessou uma época em que houve uma quebra grande na pertinência da produção nacional, sendo que também “não tinha havido nada de especial antes”. Pensa “muito sobre limites”, questionando-se da existência de uma praga, que convenhamos é secular e nacional, do porquê de haver “culturas que parecem produzir gajos que encaramos como sendo de um nível inacessível”. A persistência em perseguir por um lugar no nosso quintal nunca foi um objectivo, e a conclusão que tiramos é que só lhe terá dado mais fome de existir.
A obra de B Fachada vive destas leituras e de uma crítica, que faltava à canção nacional, que permanece uma das formas mais vitais, naturais e poderosas de comunicação. Que quase tenhamos esquecido esta função da música em Portugal é só mais uma razão para a pertinência do seu trabalho. As suas letras, claro, brilhantes, relatam de forma humana e contemporânea, o que é viver na Lisboa e no Portugal de hoje, com seriedade e com coração. Afinal, B Fachada mede “as consequências” da sua música “a nível e impacto pessoal. Tenho feito os possíveis por fazer coisas que me façam comover”.
Catarina Efigénia Sabino Eufémia, popularmente conhecida em Portugal apenas como Catarina Eufémia, transformou-se em símbolo da luta contra a exploração e a repressão a que estavam sujeitos os trabalhadores portugueses durante a ditadura fascista de António Salazar. Nascida em 1928, na aldeia de Baleizão, concelho e distrito de Beja, na região do Alentejo, Catarina era uma trabalhadora assalariada rural, mãe de três filhos. Morreu em 19 de maio de 1954, também no Baleizão, assassinada por um membro da Guarda Nacional Republicana (GNR).
Catarina Eufémia se tornou um símbolo da luta contra o fascismo pela participação em uma greve realizada nos campos do Alentejo, em maio de 1954, pelo aumento da “jorna” (salário diário) que recebiam os assalariados rurais da região. As lutas no campo alentejano vinham se intensificando desde meados da década de 1940, e em 1954, antes do início das ceifas, os trabalhadores decidiram pela paralisação das atividades, aproveitando uma época propícia para a pressão sobre os patrões, já que estes necessitavam de braços para realizar as ceifas.
A reivindicação era um aumento da “jorna” de 16 para 23 escudos, o que representaria, em 2013, um aumento de salário diário de 08 para 12 cêntimos de euro. Apesar de pagarem este salário, que mal garantia a sobrevivência dos trabalhadores, os patrões alentejanos se recusaram a aceitar a reivindicação e contrataram trabalhadores de outras regiões do país, buscando, com isso, furar a greve que estava em curso.
Na aldeia do Baleizão, os trabalhadores estavam mobilizados, e Catarina Eufémia junto a outras 14 trabalhadoras decidiu entrar em contato com um grupo de trabalhadores que havia furado a greve, com o intuito de dialogar e conquistá-los para o lado dos grevistas. Como o conflito grevista já estava se intensificando, a GNR já havia comparecido ao local, acompanhada de agentes da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), a polícia política salazarista. Ao perceberem a aproximação das mulheres ao grupo de trabalhadores, a GNR interpelou as mulheres. Há relatos de que o tenente Carrajola, da GNR, ao questioná-las sobre o que elas queriam, ouviu a seguinte resposta de Catarina Eufémia: “Quero apenas pão e trabalho”. Frente a esta resposta, considerada insolente, o tenente desferiu uma rajada de metralhadora. As balas atingiram Catarina Eufémia que caiu ao chão, com seu filho de oito meses que estava em seu colo, falecendo no mesmo lugar.
A morte comoveu o país, apesar de toda a censura que havia sobre a imprensa. Caso não tivesse sido assassinada, Catarina Eufémia possivelmente teria permanecido no anonimato a que foram submetidas milhares de outras mulheres e assalariados rurais alentejanos. Porém, o caso e sua repercussão serviram aos trabalhadores da região para manter a decisão de continuar a resistência contra a violência salazarista e lutar contra a exploração dos patrões.
A região do Alentejo foi um dos principais locais de resistência à ditadura de António Salazar, sendo que após o golpe de 25 de abril de 1974, os trabalhadores alentejanos realizaram uma das mais profundas lutas pelas melhorias de suas condições de vida, através da realização de uma reforma agrária que não esperou a anuência do Estado para ser realizada. Foi no Alentejo que se constituíram centenas de Unidades Coletivas de Produção e cooperativas de produção nas terras ociosas ocupadas pelos trabalhadores, garantindo com seu trabalho a manutenção da produção agrícola em um período de intensos conflitos sociais.
O Partido Comunista Português (PCP) acabou sendo o principal beneficiário da memória da luta e da morte de Catarina Eufémia, já que possivelmente ela era membro do partido quando morreu. O objetivo era manter a imagem de um Alentejo comunista, um bastião do partido, com o apoio na figura da mulher que virou mártir dos comunistas. http://historiadomundo.uol.com.br/
Je m’appelle Luisa Palmeira, j’ai dix ans. Ma famille, c’est tous des Portugais. Mais moi, je suis Française, je suis pas comme eux, je fais pas de faute quand je parle. Ma mère, elle est plus belle que Marilyn Monroe, sauf quand elle met ses lunettes. Mon père, il a une moto rouge et il me laisse gagner au bras de fer. L’autre jour, il m’a dit qu’il allait disparaître. Mais moi, je le crois pas !
Luisa, 10 ans, est la seule de sa famille portugaise à être née ici. Elle adore son père, l’homme à la moto rouge, brutal mais tendre, qui lui annonce sa mort prochaine… Ce premier film est la chronique poétique et profonde d’une enfance entre deux cultures, dans ces années 1970 où les « Portos » s’intégraient à la société française en baissant la tête.
Fantasmant sur des références qu’elle ne maîtrise pas forcément (des œillets révolutionnaires, Salazar qu’elle confond avec Saint-Lazare, mais aussi une photo de Marilyn Monroe…), Luisa est aussi prête à tous les rituels vaudou pour garder son père. Dans des paysages camarguais magnifiquement mis en lumière, cette fillette (menina en portugais) nous rappelle qu’il faut connaître ses racines pour pouvoir en faire le deuil.
Critique lors de la sortie en salle le 19/12/2017 par Guillemette Odicino pour TELERAMA
Le cante alentejano est un genre de chant traditionnel en deux parties pratiqué par des chorales amateurs dans le sud du Portugal, qui se distingue par ses mélodies, ses paroles et son style vocal et se pratique sans accompagnement musical. Les chorales peuvent compter jusqu’à trente chanteurs répartis en groupes. Le ponto commence le chant dans un registre grave, suivi par l’alto qui, dans un registre plus aigu, reproduit la mélodie, à laquelle il ajoute souvent des fioritures, une tierce ou une dixième au-dessus du ponto. L’ensemble de la chorale prend alors le relais, en chantant les strophes restantes en tierces parallèles. L’alto dirige la chorale de sa voix qui domine le groupe tout au long du chant. Un vaste répertoire de poèmes traditionnels accompagne des mélodies existantes ou récemment composées. Les paroles abordent des thèmes traditionnels tels que la vie en milieu rural, la nature, l’amour, la maternité et la religion, ainsi que les changements culturels et sociaux. Le cante est un aspect fondamental de la vie sociale de toutes les communautés de l’Alentejano, et imprègne les rassemblements dans les lieux publics aussi bien que privés. La transmission se fait principalement lors des répétitions des chorales, des anciens membres aux plus jeunes. Pour ses praticiens et ses aficionados, le cante traduit un fort sentiment d’identité et d’appartenance. Il renforce également le dialogue entre les générations, les sexes et les individus de différents milieux, contribuant ainsi à la cohésion sociale.
Le Mosteiro de Seiça, un ancien monastère datant de temps immémoriaux, d’avant même la fondation du pays (1143). Seiça est une localité de la freguesia de Paião, dans le concelho de Figueira da Foz.
Histoire du monastère de Seiça
Le fondateur de la nation portugaise, Dom Afonso Henriques (Alphonse Henri), fils de Henri de Bourgogne (français) a eu la chance d’avoir un miracle, proche d’une petite chapelle, Nossa Senhora de Seiça.
Pour remercier Dieu de ce miracle, il décide d’édifier un monastère à Seiça, dédié à la Vierge Marie. Le monastère une fois terminé est entré dans l’ordre de Cister et donné au Monastère de Alcobaça par Dom Sancho I, fils du premier roi du Portugal, Dom Afonso Henriques.
En 1348, l’année de la terrible peste noire, le monastère a beaucoup souffert. 150 religieux ont perdu la vie en deux mois.
En 1513, le roi Dom Manuel fait restaurer le monastère, alors en piteux état, ce qui en a fait un des meilleurs de la région, pourtant riche en édifices religieux.
La façade que nous pouvons voir aujourd’hui a été remodelée au XVIIIème siècle, comme en témoignent divers éléments architecturaux. Avec la fin des ordres religieux en 1834, l’édifice a été vendu a des privés, qui l’ont transformé en usine pour traiter le riz, ce qui explique la cheminée. Toutes les statues, objets et autres pièces importantes ont été alors enlevées, disparues ou utilisées dans d’autres églises.
Un monument à l’abandon
Voilà pour l’histoire. Le monastère est aujourd’hui sans fonction, abandonné, pourtant inséré dans une très jolie région. La zone est riche en riz, et possède des paysages uniques et variés, ce qui explique la création d’une « Route de Seiça » récemment : c’est un parcours de randonnée qui se fait en quelques heures, sur 13 kms, avec la chapelle de Notre Dame de Seiça toute proche.
Chapelle de Seiça
Très élégante, la chapelle, ça se voit qu’elle a été rénovée récemment. C’était plus facile que le monastère, qui coûtera autrement plus cher à restaurer (il n’y a même pas de projet, mais la mairie de Figueira da Foz a déjà au moins acquis le monastère il y a une dizaine d’années, pour 225 000 euros, le prix d’un studio à Paris… sans commentaires). La chapelle est extrêmement ancienne, visiblement vers l’an 850 (à cette époque, cette partie du territoire était sous occupation musulmane, mais les populations chrétiennes, majoritaires, avaient la liberté de culte). La chapelle que nous voyons actuellement est le fruit d’une reconstruction datant de 1602, et est la seule de forme octogonale de la péninsule ibérique.
Licenciei-me em Artes Plásticas na pequena cidade de Viseu de onde sou natural. Inquieto com o futuro e sempre a questionar-me mudei-me no mesmo ano (2012) para o Porto onde em 2014 acabei o mestrado em Comunicação Audiovisual, especializado em Fotografia Documental. Em 2015 a conclusão do percurso académico serviu sobretudo para perceber como me iria posicionar num futuro próximo na fotografia e consequentemente na vida. A ILHA (2014) acompanhou a minha conclusão dos estudos. Teve um processo diferente de todos os outros projetos até hoje. Foi algo marcante para mim. Realizei o meu primeiro livro de autor e exposições. Surgiram novos projetos na fotografia e na minha integração cultural que era algo novo para mim. Em 2016 abracei novos projetos e integrei a cooperativa cultural ACRITICA. Fundámos o Carmo 81, em Viseu, para onde me mudei depois de concluir o meu percurso académico. De 2016 até então (2017) tenho integrado residências, festivais, mostras de fotografia entre outros, desenvolvendo novos projetos. A minha fotografia continua até então a ser vista como uma procura, continuo e continuarei sempre a fotografar aquilo que me inquieta e questiona. As minhas fotografias pertencem sempre há minha realidade é a minha forma de ver o mundo e os que me rodeiam. Por isso não consigo definir metas.
O músico Jorge Palma edita no dia 1 de dezembro o álbum “Só ao Vivo”, resultando da gravação dos concertos que realizou no ano passado, no âmbito dos 25 anos do álbum “Só”, anunciou esta quarta-feira a Warner Music
A edição de “Só ao Vivo” inclui, além do CD, um DVD, que inclui um apontamento documental de Jorge Palma em discurso direto.
“No ano passado, a propósito do 25.º aniversário da edição de ‘Só’, disco de voz e piano gravado em estúdio como se fosse num recital sem audiência (cada canção interpretada do princípio ao fim, sem interrupções, colagens ou ‘over-dubs’), disco esse que tem vindo a merecer cada vez mais o apreço do público, surgiu a ideia de se realizar uma série de seis concertos com base no mesmo conceito: um grande piano e eu, executando os temas de ‘Só’ e, já agora, muitos outros, desta vez em palco e para vastas audiências”, afirma Jorge Palma no livrete que acompanha a edição.
O CD inclui os temas da edição original de “Só”, exceto “Jeremias o fora da lei”, e aos quais se juntam “O lado errado da noite”, “Passos em volta” e uma versão de “Avec le temps”, do francês Leo Ferré (1916-1993). O DVD apresenta sete temas gravados nos espetáculos, em que além de repertório de Jorge Palma e da versão de “Avec le temps”, existe uma outra versão, de “Bird on the wire”, de Leonard Cohen (1934-2016).
“O projeto resultou em pleno, foram noites intensas — duas no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, duas na Casa da Música, no Porto, uma no Convento São Francisco, em Coimbra, e a última no Teatro das Figuras, em Faro — e a todo o processo, desde o planeamento, organização e execução até à qualidade e minúcia do trabalho de conceção e projeção vídeo e captação de som e imagem, sem esquecer o entusiasmo do público, seguiu-se uma rigorosa fase de pós-produção, criação e execução de capa e interiores”, remata o músico.
A canção “O meu amor existe” abre o alinhamento do CD que totaliza 16 temas, entre eles “Com uma viagem na palma da mão”, “Na terra dos sonhos”, “Onde estás tu, mamã (canção de Lisboa)”, “Frágil”, “Dizem que não sabiam quem era/O fim” e “A gente vai continuar”.
O DVD inclui sete canções: “Dá-me Lume”, “Essa miúda”, “À espera do fim”, “Bairro do amor”, “Avec le temps”, “Bird on the wire” e “Só”, para além do testemunho de Jorge palma.
O pianista, cantor e autor Jorge Palma, de 67 anos, está a celebrar 45 anos de carreira. observador.pt
A barrística (modelagem ou escultura de figurado em barro) é um ramo da olaria com tradições profundas em Portugal.
Se por um lado as origens de certas expressões do imaginário popular - como o Galo de Barcelos ou a loiça fálica das Caldas - se perdem nos tempos, as escolas de barrística tradicional portuguesa, que ainda hoje as laboram, das Caldas da Rainha, Barcelos ou Estremoz, alicerçaram fortes bases desde o século XVIII, sobretudo a partir do inicio da representação do Presépio, por influencias italianas, por alturas da construção do Palácio Convento de Mafra.
Muitos artistas contemporâneos Portugueses exploram novas expressões nesta continuidade.
Tiago Cabeça é um dos mais premiados, artista e artesão nacional, nesta forma de arte.
Com vinte anos de carreira na investigação das artes do barro, o seu mais recente projeto: Aldeia da Terra – A Aldeia mais caricata de Portugal, além de classificado de Interesse Cultural pelo Ministério da cultura, é uma homenagem a esta arte centenária portuguesa, na forma de uma banda desenhada em barro a três dimensões.
Sensível, irreverente e cheia de bom humor, nascida há oito anos como um jardim de esculturas a céu aberto originalmente em Arraiolos, esta original e magnifica Aldeia, um património único, está agora em Évora, cidade também património mundial, para delicia de todos os que a visitam.
Para Christian Georgescu, que viveu nas ruas do Porto, o livro As Vozes do Silêncio - um grupo de sem-abrigo à conquista de cidadania representa mais do que uma vitória — é o registo da saída de um mundo de exclusão e ao mesmo tempo uma mensagem para a sociedade: os sem-abrigos existem e são pessoas.
Ana Cristina Pereira, jornalista do PÚBLICO (onde foi apresentado o livro esta quinta-feira), foi uma das responsáveis pela construção da obra, uma iniciativa d' As Vozes do Silêncio, uma das quatro plataformas do Núcleo de Planeamento e Intervenção nos Sem Abrigo do Porto.
O livro contém uma vertente poética e outra documental. A documental acompanha o quotidiano de pessoas sem abrigo e a sua organização em associações (Uma vida como a arte e a Saber Compreender), com textos de Ana Cristina Pereira e imagens registadas pela lente dos fotojornalistas do PÚBLICO Adriano Miranda, Manuel Roberto, Nélson Garrido, Paulo Pimenta e Rui Gaudêncio.
Além de reportagens e crónicas, o livro reúne contos, poemas, textos dramáticos, fotografias e ilustrações, juntando cerca de 80 pessoas, umas com experiência de rua, outras reconhecidas pelo seu trabalho — como Julieta Monginho, Susana Moreira Marques e Tiago Gomes, que participaram na apresentação em Lisboa.
A obra foi editada pela APURO — Associação Filantrópica e Culturalcom o apoio do PÚBLICO. As vendas revertem para um fundo destinado a custear despesas associadas às necessidades decorrentes do processo de reinserção como tratamentos dentários, óculos e equipamento doméstico.
Sua trajetória artística é ligada por traços e pontos; seus suportes, a Ilustração, a Fotografia e a Arquitetura. “Falar de mim é falar de traços e pontos – ilustração. – fotografia. – arquiteta.”, conta. Para além do código Morse, participou com desenhos, fotografias, projetos e palavras em várias revistas.
Realizou exposições coletivas e individuais nas vertentes de fotografia e ilustração. No que à Arquitetura diz respeito, participou no Projeto Arrebita, que decorreu no Porto. Assina e produz pela marca Ediota. No código e na obra que vai construindo é – luz – que se prende na inscrição do negativo – direção – que flui no suporte da prancha – movimento – que se adivinha nas (entre)linhas.
Talvez a maioria da população olhanense não saiba, mas a Vivenda Vitória em Olhão, é um edificio doado pela família Saias à CMOlhão, que prometeu fazer dessa vivenda um Centro de Artes. Sabendo que a C.M.Olhão enferma de aversão à cultura, não admira que nunca tenha sido feito nada, nem se fará nos próximos tempos uma vez que o orçamento para a cultura no concelho de Olhão para o ano 2015 é ZERO!
Durante décadas a autarquia votou ao abandono este edifício, bem como muito do seu património. Agora incentivou artistas grafiters, a limparem todo o espaço (que estava uma autêntica estrumeira) e em troca ficaram com um espaço autorizado para grafitar.
Se é esse o conceito de centro de arte para a Vivenda Vitória, então há que dar mérito ao ainda presidente da autarquia de Olhão, Antonio Pina, por ter cumprido a promessa e bem à vista de todos.
Nada me move contra a arte dos grafiteres que vão disfarçando, com as suas obras e o seu talento, as condições de ruina dos edifícios de Olhão. Precisamente por isso é foi autorizado este trabalho, assim, mais uma vez se disfarça a ruína do património urbano da nossa cidade. http://olhaolivre.blogspot.fr/
«Há tanto tempo que não tinha mãezinha» Foi com esta frase que Alfredo, 10 anos, abraçou a mãe, Alice, saída de cinco anos de tortura e prisão em Caxias. Uma de entre as muitas mulheres comunistas que foram à luta, passaram à clandestinidade e por isso pagaram o preço mais alto que uma mulher, e mãe, pode pagar, a separação dos filhos. Uma separação forçada pela ditadura fascista que dominou Portugal durante 48 anos. Seguem as histórias de quatro delas: Alice Capela, Faustina Barradas, Maria Carvalho e Teodósia Gregório.
Alice Capela «Bata-me a mim, não bata ao meu filho»
Nascida e criada na Póvoa de Santa Iria, começou cedo o contacto de Alice Capela, 75 anos, com a luta antifascista. O pai, operário, era militante do PCP, assim como a mãe, e a avó. Apesar de a vida não ser folgada, os abonos de família iam direitos para o partido e a casa era ponto de apoio [casas legais que serviam de abrigo quando algo corria mal] para quem estava na clandestinidade. Destino que também o pai de Alice abraçou tinha ela 10 anos. A mulher e a filha segui-lo-iam um ano depois.
«Éramos três filhos e não pudemos ir todos. Como eu era fraquita dos pulmões fui eu, com grande dor da minha mãe». A avó, também operária, ficou com os dois netos, de 13 e sete anos. «Foi um grande sofrimento para os meus irmãos, na cabeça deles a minha mãe escolheu-me a mim. Compreendo-os muito bem, os meus irmãos e todos os filhos de funcionários que tiveram de ser separados dos pais foram jovens que sofreram muito.»
De cada vez que se formava uma casa clandestina era preciso inventar uma história de vida, Alice, que diz que queria ter sido atriz, garante que tinha muito jeito «era uma miúda que fazia muito teatro.» E nas quase duas décadas que viveu na clandestinidade teve de interpretar muitas personagens.
Com 13 anos aconteceu o primeiro duro golpe, «o meu pai foi preso, e muito torturado, fizeram-lhe muito mal, ficou lá nove anos». Sozinha com a mãe, «saltaram» para um ponto de apoio e pouco depois teriam de se separar.
Aos 18 anos começou a escrever-se outro capítulo da vida de Alice. «Fui formar uma casa com o Adelino Pereira da Silva, que é até hoje o meu companheiro. O Dias Lourenço [dirigente histórico do PCP já desaparecido e campeão de fugas das prisões da ditadura] levou-me e disse que éramos casados só a fingir, mas eu quando o vi ao longe achei-lhe logo graça. Ao fim de três meses éramos companheiros.»
Seguiu-se o inevitável numa altura em que a pílula tinha acabado de ser inventada e a contraceção era bastante falível, engravidou. «E quis ter o filho, para o Adelino gostar mais de mim. Em 1960 nasceu o Alfredo, em casa, com grandes dificuldades».
A ditadura não reconhecia como legítimos filhos gerados fora do casamento. ou Alice e Adelino oficializavam a sua união ou não podiam ver o filho. «Tivemos que nos casar por procuração, ele na prisão de Peniche, eu na prisão de Caxias».
Entretanto, o companheiro foi para a URSS e quando voltou foi preso. De ponto de apoio em ponto de apoio, com o filho de dois anos, acabaria por voltar a juntar-se à mãe numa casa que funcionava como tipografia e onde se imprimia a propaganda e imprensa clandestina do PCP. «Em papel muito fininho, para se poder esconder facilmente.»
«Ali estivemos, a trabalhar intensamente. O Alfredo tinha quatro anos, estava muito bem instruído, muito cedo percebeu os cuidados que tinha de ter». Até que o pior aconteceu. Era a madrugada de 13 de dezembro de 1964. Batem à porta. À pergunta «quem é?» respondem que é o leiteiro. «Àquela hora não podia ser, percebemos logo do que se tratava, e começámos a queimar os papéis. Nisto nove homens arrombam a porta com um pé de cabra e apontam-me uma arma, “Mãos no ar, somos da PIDE”. Eu e a minha mãe começámos a gritar quem éramos e o que se estava a passar para os vizinhos ouvirem. Mas eu não queria fazer muito barulho para não assustar o meu pequenino, de olhos esbugalhados a olhar para aqueles homens armados. Eu não o largava, muito louro, muito bonito, e eles logo com a chantagem: “que criança tão linda”.»
Foram levados para Caxias. «Eu e a minha mãe fomos juntas para uma cela, com o Alfredo. Eu andava sempre com ele atrás e os pides diziam: “há-de servir-te de muito andares agarradinha a ele”, eu não respondia àqueles assassinos, até porque não queria assustar o meu menino. Disseram que, se não arranjasse ninguém para ficar com ele, o davam para um asilo. Não sabia a quem o entregar. Eu e a avó presas, o meu pai, o Adelino e os avós paternos presos também…»
Conseguiu através de uma visita contactar o irmão mais velho, já casado, e pedir-lhe que ficasse com o pequeno. Ele assentiu. O rosto de Alice ensombra-se. «Não gosto de me lembrar disto, são memórias muito duras. Eu preparei-o, fazia-lhe um grande teatro, dizia que nos íamos encontrar depressa.
No momento da separação, nas escadarias de Caxias, um pide perguntou “o que é que pensas que vais fazer?”, “vou entregar o meu filho”, “não vais não”, disse-lhe que tinha esse direito, que não podiam fazer isso, que ele não conhecia os tios, mas eles começaram a puxá-lo e eu tive de o largar. Ele gritava, os olhos cheios de lágrimas, deu um pontapé ao pide, que lhe respondeu com uma bofetada e eu gritei: “bata-me a mim, mas não bata ao meu filho” e desatei aos saltos, parecia um palhaço, dizia: “a mãezinha adora-te, depois quando sairmos daqui vamos fazer uma festa e a mãe vai contar-te muitas histórias”. Era pelo meu filho que fazia aquilo. Subia a escada e ouvia os gritos do Alfredo ao fundo».
Passados 15 dias o tio trouxe-o à visita, no parlatório, Alice não podia nem dar-lhe um beijo. «Disse-lhe que tinha muitas saudades e ele respondeu “Já conheço o paizinho. O paizinho é bonito”. O meu irmão tinha-o levado a Peniche para conhecer o pai.».
Mas a ditadura fascista não reconhecia como legítimos filhos gerados fora do casamento e ditou que ou Alice e Adelino oficializavam a sua união ou não podiam ver o filho. «Tivemos que nos casar por procuração, ele na prisão de Peniche, eu na prisão de Caxias».
«Diziam: “Ao teu filho vais vê-lo morto” e eu pensava nele e nos outros filhos todos do mundo, era por eles que lutava. Queria ficar louca para aquilo terminar.»
Esteve presa cinco anos. Queriam fazê-la falar. Torturam-na, mas esta mulher de aparência frágil à PIDE disse nada. «Estive cinco dias e cinco noites na tortura do sono. Não me podia sentar, nem deitar, tinha alucinações, via uma carantonha a sair da parede e depois via o meu bebé e estava a embalá-lo. Desatei aos gritos e eles enfiaram-me uma toalha molhada na cabeça. Eu gritava “assassinos, assassinos” e eles esbofeteavam-me, davam-me murros, atiravam-me contra a parede, insultavam-me, “puta, cabra”, diziam que eu estava amantizada com fulano de tal e que já tinham dito ao meu companheiro. Diziam: “Ao teu filho vais vê-lo morto” e eu pensava nele e nos outros filhos todos do mundo, era por eles que lutava. Queria ficar louca para aquilo terminar. Depois mudaram de tática, apareceu um tipo que era a cara do Adelino, eu sabia que era um pide, mas ele com muitas amabilidades, a ver se me fazia falar, com aquela delicadeza era perigoso, com outras podia resultar, mas eu desde pequenina que tinha sido avisada daquilo tudo. Sempre disse que tinha ideia de que se fosse presa não falaria, nunca que tinha a certeza que não ia falar. O que me dava força era ouvir aqueles gritos dos nossos camaradas presos em Caxias que viam que eu estava a sair e que não tinha falado».
Quando voltou à cela, a mãe não estava. «Veio passados quatro dias, eu estava com uma pneumonia dupla, e ela diz-me: “Ah, filhinha, tu não morreste!”. Também ela foi muito torturada e resistiu. Era uma grande comunista. Tenho muitas saudades dela. Tive que ter força para a tratar e foi isso que me salvou. Depois foi a vez de ela tratar de mim. Foram cinco anos de muita luta. Estavam lá muitas outras camaradas e tivemos de ter todas muita força.»
Quando saiu, o filho tinha quase 10 anos. «Foi muito estranho, não sabia o que fazer, apanhei um táxi para Entrecampos e de lá o comboio para a Póvoa de Santa Iria, e falava alto com as pessoas no comboio, era a hora a que regressavam do trabalho, dizia o que me tinha acontecido… Bati à porta, o Alfredo vem a correr e agarrámo-nos ao pescoço um do outro e rodámos, rodámos, rodámos, ele dizia: “mãezinha, mãezinha, há tanto tempo que eu não tinha mãezinha”. Uma semana depois fomos ver o Adelino, há sete anos que não o via. “Estás na mesma”, “Tu também”. Não estávamos nada, estávamos horríveis, muito magros.
Corriam os últimos meses de 1970 quando Alice, Adelino e o filho se juntaram novamente, agora na legalidade e deu-se o 25 de abril quando iam passar de novo à luta clandestina. Já não foi preciso.
SOPA DE PEDRA é um grupo de 10 mulheres que criam e interpretam à capella arranjos orginiais da música popular portuguesa. Na música tradicional atraiu-as o propósito intrínseco de juntar as gentes e falar sobre a vida de um povo e por meio de harmonizações e arranjos polifónicos exploram a sua riqueza remetendo-a para o contexto da música do mundo actual. O reportório inclui sobretudo música de transmissão oral das várias regiões portuguesas, estendendo-se dos cânticos mirandeses de Trás-os-Montes às baladas açorianas, das cantigas de adufeiras da Beira Baixa ao Cante alentejano, passando também pelo reportório de cantautores como Zeca Afonso, Amélia Muge, João Lóio ou grupos como Almanaque e GAC. Há também nele lugar para músicas tradicionais de outros países ou temas originais. Tal como no conto popular da Sopa de Pedra, a criação musical começa numa base simples - uma pedra, uma tradição, uma melodia, um cantar - à qual se misturam novas vozes, compondo uma harmonia viva que de cada vez que se canta, ou a ela alguém se junta, se reinventa.
José Joaquim Rodrigues nasceu em Luanda a 21 de Outubro de 1936, filho de um casal transmontano, natural de Alfândega da Fé.
A vocação para as artes parece tê-lo sempre acompanhado. Ainda muito jovem, a sua mãe dizia que seria um barrista por tanto gostar de moldar barro.
Depois de persuadir o pai a deixá-lo estudar em Portugal, viveu, primeiro, no distrito de Bragança, em casa de familiares, e, depois, aos catorze anos fixou-se no Porto, com o intuito de estudar Belas Artes. Concluiu o curso de Escultura em 1963 na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde foi professor.
Em 1968, com os colegas Ângelo de Sousa, Armando Alves e Jorge Pinheiro, que com ele terminaram o curso com a classificação máxima, formou o grupo Os Quatro Vintes. A inspiração para o nome usado nas exposições deste grupo de artistas foi encontrada num popular maço de tabaco, da marca "Três Vintes".
No Porto, onde passou a maior parte da sua vida e dizia que era onde queria um dia morrer, fundou e presidiu à Cooperativa de Ensino Artístico Árvore que, desde 1963, é uma referência cultural da cidade. Também se ligou ao Minho, mais concretamente a Vila Nova de Cerveira, onde recuperou o convento de São Paio e ajudou a promover a Bienal Internacional de Cerveira, instituída no ano de 1978.
Expôs individualmente desde 1964, em cidades como o Porto, Amarante, Alfândega da Fé, Vila Nova de Cerveira, Cascais, Tóquio, Paris e Macau. Nesta última, por exemplo, apresentou Esculturas e Desenhos no Leal Senado, em 1992.
Foi autor de poderosas esculturas de anjos/anjas, cristos e salomés e de distinta arte pública espalhada por muitos pontos do país (Porto, Viana do Castelo, Monção, Arcos de Valdevez, Vila Nova de Cerveira, Vila Real, Lisboa etc.).
Participou desde 1973 em exposições coletivas, realizadas em Portugal, na Áustria, em Espanha, na Hungria, nos EUA, na Alemanha, no Luxemburgo, em Itália, no Brasil, na Índia e na China, entre outros locais.
Além da escultura dedicou-se igualmente a outras expressões artísticas. Faz Ilustração para livros de escritores e poetas, como Eugénio de Andrade, Jorge de Sena, Vasco Graça Moura e Albano Martins. Produziu cerâmica e medalhística, executando centenas de medalhas para várias entidades, tendo chegado a participar no certame internacional FIDEM (1993, 1994, 1995 e 1996). Realizou cenografias – em Espanha, colaborou com a Companhia Nacional de Teatro da Galiza e com a Companhia de Teatro de Madrid, e, em Portugal, com o Teatro Universitário do Porto, com o Teatro Experimental do Porto, com a Seiva Trupe, com o Teatro Experimental de Cascais e com o Teatro D. Maria II e, ainda, com a Câmara Municipal Porto, para quem desenhou o cenário da cerimónia de classificação do Porto como Património da Humanidade, naquela instituição em 1996.
No Porto restaurou uma antiga chapelaria, localizada na rua da Fábrica Social, em Santo Ildefonso, um espaço que usou como atelier, e que converteu na Fundação José Rodrigues, dotada de salas de exposição e de um auditório.
Morreu a 10 de setembro de 2016, antes de completar 80 anos de idade, num momento em que a Câmara do Porto e a Fundação José Rodrigues preparavam homenagens ao artista.
É um dos maiores nomes das artes plásticas portuguesas. Está representado em várias coleções particulares e instituições, no país e no estrangeiro. Como artista que se prezava, a sua obra não deixou de gerar alguma controvérsia. Foram célebres as fortes críticas ao Cubo da Praça da Ribeira, de 1976, ou ao monumento ao empresário, de 1992, duas peças hoje aceites e respeitadas pelos portuenses.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)
Os Quid são projeto de originais em português que, a ter de ser catalogado, fica confortavelmente "incluído na cena pop/rock/alternativo em formato acústico".
Têm a sua origem em Alcântara, Lisboa, e há um ano editaram o EP “Gramática de Ser”, que rodou em showcases e concertos pelo país. Agora é a vez do single "Ex-Passos" chegar às plataformas digitais e dar a conhecer melhor a nossa música de Quid.
Com edição mundial, via plataformas digitais, marcada para 3 de Novembro, "Ex-Passos" é apresentado ao vivo no dia seguinte, pelas 19.00h, nas Escadinhas de Santo Amaro (Alcântara).
"Sem Filtros" será o primeiro álbum dos Quid, um projecto de originais, em português, esboçado há cerca de 10 anos e que, agora, avança convicto na cena musical Pop/Rock/Alternativo.
Anabela Tomás dá voz às letras intimistas e às melodias que ecoam dos acordes das violas de Luís Santos. Na sua equipa, os Quid conta ainda com Margarida Moser (Cello); Rui Hopffer (Bateria/percussão) e Humberto Silva (Baixo).
Analepse, Ego , Veludo Azul e Recordo o Dia serão alguns dos temas que farão parte deste primeiro longa-duração, para além do cartão de visita Ex-Passos.
Nascido em Lisboa em 1985. Reside actualmente na freguesia da Pontinha em Odivelas. SMILE, influenciado pela mãe, desde muito novo se interessou pelo desenho. Mas foi através de dois primos que o interesse se transformou em paixão. Foi no início da década de 90, através do filme Beat Street, que o bichinho do Hip Hop o invadiu. Dois pares de anos mais tarde, levado pelo som de Vanilla Ice, Kriss Kross e Mc Hammer, descobriu que o Hip Hop lhe estava nas veias. Experimentou o break e a música, quando tinha 13 anos, chegando a escrever algumas letras e a gravá-las para cassete com um amigo de escola. Foi aí que sentiu que não era o lugar certo na Cultura. Sem nunca parar de desenhar, é em meados de 1999 que decide dedicar-se ao Graffiti. “Fechado” 2 anos a criar, pinta pela 1ª vez “SMILE” com latas de uma loja de ferragens. Não obtendo o resultado desejado, continua a desenhar cada vez mais. Em 2002 ganha o seu 1º Concurso de Graffiti em Odivelas. A partir daí surgiram inúmeras propostas de trabalho no qual grande parte para a Junta de Freguesia da Ramada. Ficou em 1º lugar no mítico Concurso de Graffiti em Oeiras em 2004 e em 2º lugar em 2006. Conta com trabalhos para várias marcas como, por exemplo, Nissan, Mc Donald's, Billabong, SIC, TVI, RTP, LRG, DVS, MagicMushroom, Cannabis Energy drink, CIN, AMI, Adidas, Uni-Posca etc entre outras. Um dos seus trabalhos mais conceituados é para a MONTANA COLORS em 2005, marca de latas de Graffiti, e a pintura da fachada de um prédio em Olhão com o apoio da UNI-POSCA em 2010. Viagens a Inglaterra, França e Alemanha fizeram com que o seu portefolio ganha-se uma maior notariedade. Conta ainda com alguns encontros e workshops de Graffiti e com mais umas quantas exposições. Neste momento faz parte da writer team da LRG, marca de roupa Americana. Actualmente tem a decorrer o projecto da sua Galeria&Atelier, Primeira Arte Atelier&Gallery. É assim intitulado este espaço, que reune as 4 vertentes da cultura contando com inúmeras exposições de Graffiti e numa parte social os workshops criados para crianças. As áreas de Design Gráfico e Fotografia são uma paixão que servem de inspiração para as suas pinturas, utilizando-as como veículo de comunicação para dizer a todos que o Graffiti é uma forma de Arte, uma maneira de Estar e de Ser, mas tentando nunca fugir às suas origens… a Rua!!!
Um documentario de Left Hand Rotation, lefthandrotation.com , para o projeto ALFAMÁ É MARCHA.
Meses antes do começo dos Santos Populares começam os ensaios da marcha popular em Alfama e vizinhos de todas as gerações se submergem nos preparativos. Um sentimento de pertença invade cada beco de um bairro em feroz processo de gentrificação, onde muitos de seus antigos moradores já foram forçados a abandonar suas casas, sem uma opção de permanência que evite a dolorosa ruptura de seus vínculos barriales. Mas Junho está de volta e os antigos e atuais moradores de Alfama se reencuentran, movidos por esta cadencia anual que os leva de novo a se sentir parte do bairro. Cómo prolongar este estado de ânimo durante o resto do ano? Qué significa para o bairro a marcha de Alfama? A quem pertence este património? Cómo evitar que a memória e as formas de habitar coletivas sejam substituídas por uma versão folclorizada da vida em comum do bairro para consumo turístico?
"Alfama é marcha" documenta o processo de trabalho de um projeto coletivo que "visa promover o envolvimento da comunidade de Alfama na valorização do seu património cultural, material e imaterial, através da consolidação de um espólio significativo da realidade das Marchas Populares no bairro". facebook.com/AlfamaeMarcha
Comme grand nombre de portugais, mes parents, mon frère et moi avons fait pendant plusieurs années le voyage en voiture vers le Portugal.
Une véritable expédition, particulièrement stressante pour ma mère qui devait veiller au bon déroulement des préparatifs (valises, rangements, provisions… et j’en passe), mon père, qui était le seul à posséder le permis, se mettait en conditions profitant des quelques heures précédant le voyage pour se reposer, quant à mon frère et moi, excités par le voyage, nous préparions joyeusement nos petits sacs à jouets, cassettes audio PIF poche, bibliothèque rose et verte…
Mon père aimait partir tôt, de nuit, « conduire à la fraiche » comme il disait.
Ce qui ne nous enchantait pas vraiment. Mais qu’importe, c’était les vacances.
Arrivait enfin le jour J. Nous voilà tous à bord de la CX noire prête à « décoller ». Plutôt que le tape-à-l’œil, mon père privilégiait le confort, et pour lui la CX répondait à ce critère. J’avoue, pour ma part, que la suspension hydropneumatique du véhicule me rendait malade. Je passais donc une grande partie du voyage allongée.
Nous traversions la France, tout en écoutant les cassettes audio que nous avions emportées pour que mon père reste éveillé.
Dans les années 70 notre voiture n’était pas équipée d’autoradio, alors nous emportions une valise, véritable bijou de technologies en son temps, qui comprenait dans son couvercle deux enceintes stéréo, ainsi qu’une platine tourne disque, un lecteur/enregistreur cassette audio et une radio toutes ondes (avec antenne dépliable intégrée).
Nous mangions dans les restaurant d’autoroute du type L’Arche, reprenions la route, puis nous nous arrêtions un peu sur des aires de repos lorsque mon père était fatigué, on en profitait pour se dégourdir les jambes et se faire un gouter. Puis arrivés à la première frontière et après les contrôles d’usage nous traversions l’Espagne, sans nous presser. Mon père s’y perdait souvent au début (bénit soit le GPS), et pour demander sa route mon père baragouinait un portugais aux accents espagnols. Quoiqu’il en soit, il se débrouillait plutôt pas mal mon père : on finissait quand même par arriver au Portugal !
Et là nous commencions à traverser une kyrielle de petits villages Transmontanos, semblables les uns aux autres, croisant sur notre route vaches et moutons, enfants, hommes et femmes aux visages burinés et chiens errants.
Plus nous approchions du village de Gralhas plus les routes devenaient sinueuses, partiellement goudronnées et jalonnées de trous.
Le décor était planté : paysages arides et montagneux, des chênes et des champs à perte de vue, de vieilles maisons en granite, des femmes vétues de noir, des odeurs de campagne… voilà à quoi ressemblait Tras-Os-Montes.
Comme chaque année Grand-mère et Grand-père nous attendaient devant la maison.
Installée en Savoie depuis quelques décennies, je retourne régulièrement en Bretagne pour humer l’air marin et celui des fougères car la Bretagne est mon berceau. J'ai passé toute mon enfance en Afrique et garde de merveilleux souvenirs, riches de couleur, de senteurs et de sensations diverses. La nature est mon plus grand jardin et mon plus grand terrain de jeu pour la photographie. Mais j'éprouve cependant une forte attraction pour le noir et blanc, les portraits, la photographie abstraite ou illustrative.
Un livre co-écrit par Agnès Pellerin, Anne Lima et Xavier de Castro
Les illustrations sont d'Irène Bonacina
Paris et sa banlieue constituent aujourd’hui la «troisième ville portugaise» du monde, après Lisbonne et Porto, tant le nombre d’habitants portugais, ou d’origine portugaise, y est important. Cette présence est pourtant vieille de plusieurs siècles. Depuis très longtemps en effet, les Portugais viennent dans la capitale, pour les raisons les plus diverses. À l’époque des Découvertes, des espions s’y renseignent sur les visées françaises au Brésil tandis que des universitaires organisent à Paris la formation des boursiers du roi dom Manuel.
Plus tard les victimes de l’Inquisition vont affluer pendant deux siècles en France, et nombre d’entre eux ou leurs descendants gagnent la capitale. Durant le siècle des Lumières, l’élite intellectuelle et scientifique portugaise voit en elle un lieu de liberté loin de l’obscurantisme portugais, et une force de rupture qu’incarnera la Révolution française. Au XIXe, la capitale français accueille, au gré des fluctuations politiques de nombreux exilés : partisans de l’absolutisme, libéraux défenseurs de la monarchie constitutionnelle et républicains. À la fin du siècle, Paris devient pour plusieurs décennies le pôle d’attraction des artistes. Au début du XXe, un séjour dans le Paris de la Belle Epoque est une cure de bon goût pour les écrivains comme pour la bourgeoisie portugaise, qui s’y installe pour plusieurs semaines avec leurs bonnes françaises. En 1919, des soldats portugais qui ont participé à la Grande Guerre défilent sur les Champs-Elysées et dès 1921, le nombre de Portugais en France passe à 11000, contre 1300 recensés avant-guerre.
À partir de 1926, quand le Portugal plonge dans son demi-siècle de dictature, Paris devient l’horizon d’accueil des opposants au salazarisme. Mais la dictature perdure et le Portugal se trouve au début des années 1960 frappé de plein fouet par la misère économique et de sanglantes guerres coloniales. L’émigration, majoritairement saisonnière avant-guerre (mineurs des Pyrénées, vendangeurs, bûcherons de l’Île-de-France), devient massive. Le pic de la période 1958-1974 voit près d’un million de Portugais, pour la plupart venus des campagnes du Nord et du Centre, trouver asile en France pour fuir la pauvreté, et la conscription militaire qui les aurait emmenés durant cinq ans combattre en Afrique. C’est le temps des bidonvilles. Une minorité, qui revendique la désertion et l’opposition politique à la dictature, obtient le statut de réfugié qui leur offre une protection. C’est cependant dans la France post-coloniale des Trente Glorieuses que s’est construite l’image des Portugais «bons travailleurs», «immigrés modèles»– image persistante, gommant les difficultés de tous ordres qu’ils ont rencontrées. Les générations qui se sont succédées ont toujours été bercées par le va-et-vient entre les deux pays.
Ainsi au fil des siècles, les Portugais ont enrichi Paris et sa banlieue de leur présence, de leur travail, de leur culture et de leurs traditions… Loin de prétendre à l’exhaustivité, ce livre cherche à évoquer quelques traces, nombreuses et contrastées, du Portugal à Paris, glanées au fil des rues et des siècles où se croisent la grande et la petite histoire. 3° édition Avec un guide complet en fin d’ouvrages sur les bonnes adresses portugaises à Paris et dans sa banlieue.
Implantée sur une étroite langue de terre, à l'embouchure du Rio Coura, et pratiquement à celle du Minho (le fleuve qui sépare le Portugal de l'Espagne), cette ancienne place forte participait jadis à impressionner l'ambitieux voisin galicien. C’est aujourd'hui une bourgade charmante mais assoupie, qui a du mal à s'agiter, même le mercredi, pourtant jour de marche. Toute l'animation de la cité semble concentrée autour de l'imposante fontaine de sa jolie place centrale, la Praça Conselheiro Siva Torres, qui n'a rien perdu de son cachet provincial, et regorge de pâtisseries ainsi que de bars à terrasses, sans toutefois que son harmonie en ait trop souffert. GEO guide
Au milieu de l'estuaire, sur une petite île, perdurent les ruines du Fort d'Ínsua, édifié au XVe siècle pour défendre l'entrée du port.
Mais cette région ne vit pas seulement dans le passé. À Vilar de Mouros, un bourg pittoresque à la beauté rustique, situé à près de 6 km au nord, se réalise en août un couru Festival de Musique moderne, le premier du genre au Portugal. Visitportugal.com
Valéria Carvalho, actriz e cantora Brasileira do estado de Minas Gerais, tem um enorme reconhecimento em Portugal, ondese radicou em 1991, pelo seu desempenho no teatro, televisão e cinema. Na televisão portuguesa, trabalhou em váriasnovelas, séries e talk shows. É ainda criadora e directora da Casa da Língua Portuguesa. Porém, foi graças ao seutrabalho no teatro, e ao êxito formidável dos seus espectáculos, que ganhou a atenção e a admiração dos meios culturais: Chico em Pessoa (2012), em torno da obra de Pessoa e Chico Buarque de Holanda, que esteve presente na Casa Fernando Pessoa e em vários festivais. Em 2014 apresentou o espectáculo musical "Rui Veloso em Jeito de Bossa" no Centro Cultural Olga Cadaval. É na sequência deste espectáculo que surge o álbum "Rui em Jeito de Bossa".
O single de apresentação "Primeiro Beijo" conta com a participação de Mafalda Veiga.
"Rui em jeito de Bossa" estará à venda no próximo dia 20 de Outubro.
David Penela, ilustrador e devorador de piza em part-time. Passeia, vive e trabalha no Porto. Expõe de forma regular, individualmente e colectivamente desde 2007. O seu trabalho abrange os campos do desenho, ilustração e técnicas de impressão onde explora temas derivados da cultura popular e do seu próprio universo pessoal.
Pamela, jeune adolescente, a deux amours. La France, où elle vit et étudie, et le Portugal, son pays d'origine, où elle retourne chaque année passer ses vacances d'été. Entre conte et réalité, innocence et prise de conscience, une poignante échappée sensorielle, superbement menée par la jeune actrice que Laurence Ferreira Barbosa (Soit je meurs, soit je vais mieux) révèle brillamment.
Une des raisons pour lesquelles j’ai eu envie de faire ce film vient d’une constatation très simple : la communauté portugaise en France n’a pour ainsi dire pas « d’image » et très peu de « fiction ». Pour parler de cette communauté de gens du peuple, j’ai choisi de faire le portrait d’une jeune femme dont les parents ont émigré à la fin des années 80. Une jeune femme pleinement impliquée dans sa communauté, adhérant à ses valeurs, et qui au bout du compte, pour vivre sa vie, va choisir de faire un pas de côté. Ce mouvement, si timide soit-il, représentera pour elle une vraie révolution. Alors que j’étais guidée par ce thème, un autre thème a pris beaucoup d’importance, plus universel, celui de l’amitié entre deux jeunes femmes. Pour définir le personnage principal, pour montrer sa métamorphose ou plutôt son émancipation, thème qui m’est cher et familier, j’ai eu besoin de raconter l’histoire d’une amitié entre deux très jeunes femmes, aussi différentes que possible. Chacune va trouver en l’autre les ressources nécessaires à l’accomplissement de son désir profond. fif-85
Revestida de um humor depurado, ao alcance apenas daqueles que conhecem de cor os matizes das dores que se enclausuram nos espaços da modernidade, a obra de Alberto Vieira oferece-nos um universo pleno de vida que nasce do seu contrário. Nela, a mutabilidade humana emerge como que subliminarmente, emoldurada em geometrias e matérias aparentemente simples, para depois se cumprir, em espanto, no denominador comum da Arte – a comoção. As composições de Alberto Vieira despertam a mais poderosa arma e a mais frágil quimera da existência: o sorriso. Quem sorri, fá-lo porque o corpo o pede, e se o corpo o pede, há que obedecer sem grande filosofia. Quem se rende ao sorriso, sabe ter encontrado aquele instante que define a eternidade. Como poucos, Alberto Vieira faz-nos sorrir porque somos tristes.
Alberto Vieira esculpe como quem poetiza. As pontas dos dedos estão lá, numa erudição de espírito maior do que a que figura nos compêndios que podem ser decorados. O seu trabalho tem o mérito de nos fazer rir do atroz, do doloroso, daquilo de que todos fogem. E fá-lo também porque nos transporta vezes sem conta à génese, àquele tempo em que éramos crianças e os baloiços não eram mais do que baloiços, em que o amanhã era uma coisa distante, a perder de vista, em que o amanhã não era.
Na sua obra, desvendam-se os nexos que o quotidiano não permite senão entrever, como se de um lençol de mar se tratasse. Sabemos que há peixes que nadam alheios sob esse lençol, e cores nunca suspeitadas fora dos sonhos. Mas vivemos em cima, onde, de lá, só se pode supor. Ao autor cabe a fábula, ao leitor a moral. Simples (aparentemente, como convém ao Belo), límpido, como o são todas as conclusões das viagens múltiplas da alma.
Madeleine Pereira est jeune une lusodesendante fort talentueuse et passionnée. Après un bac en arts appliqués à Maximilien Vox, puis une prépa (Prepart à Paris) elle entre à l'ESAL d'Epinal (Ecole Supérieure d'Art) mention image et narration.
Elle croque avec justesse et élégance ses sujets, des gens croisés au hasard, des lieux de passage...
Le choix des couleurs est harmonieux... en somme, une jeune artiste qui mérite toute notre attention et que nous aimons beaucoup.
Situé au nord du Portugal, aux portes du Parc Naturel "Peneda-Gerês", se trouve le sanctuaire de "São Bento da Porta Aberta". Chaque année il attire des centaines de milliers de pèlerins, ce qui en fait le 2ème plus grand sanctuaire du Portugal. Ce sanctuaire vaut le détour pour quiconque passe dans la région, avec sa Basilique, sa Crypte, son parc, ou tout simplement pour la vue alliant les montagnes verdoyantes de la région avec les eaux du fleuve Cávado où se pratique plus bas toute une variété de loisirs aquatiques (plage, jet-ski, etc.).
À moins de 5km de là (à vol d’oiseau), il y a un autre sanctuaire moins connu et un peu plus difficile d’accès mais qui vaut également la peine d’être visité, celui de "Nossa Senhora da Abadia". L’église, dont on peut admirer en son intérieur toute la richesse de sa décoration, s’insère dans un cadre naturel remarquable. Ainsi, après être passé devant une grotte où loge en son intérieur une image de la Vierge Marie surplombant une source d’eau, c’est tout une forêt avec une rivière, des rochers, des cascades qui accueillent le visiteur.
Tout aussi remarquables que les cascades mais plus discrets, on remarquera la présence de plusieurs de ces vestiges du passé que sont les moulins à eau, qui servaient à la production locale de farine jusqu’à il y a encore quelques décennies dans la région. Si avec l’abandon et l’œuvre du temps ils ne sont plus en état de marche, leurs murs, les conduites d’eau, et certaines parties sont toujours entières. À défaut d’une volonté concrète de restauration/sauvegarde de ce patrimoine, espérons que ces "vieilles pierres" resteront au moins le plus longtemps en l’état.
Texte et photos de Ricardo Machado pour Le Blog Aldeia de Gralhas
André nasceu a 26 de Outubro de 1984, na Marinha Grande, Portugal. André é um compositor emergente com uma forte identidade e uma invulgar capacidade de trabalho. Depois de concluir um curso de produção, André Barros rumou à Islândia para trabalhar no estúdio Sundlaugin, fundado pelos Sigur Rós. Mas respirar a mesma atmosfera que este projecto que tanto admira não o impediu de descobrir a sua própria voz como compositor e pianista, voz que possui as distintas marcas de uma identidade singular.
“Circustances”, lançado em finais de 2013 pela Omnichord Records, mereceu elogios da imprensa especializada e apresentou no panorama nacional a sua visão musical, nostálgica, profundamente poética, tranquila e mágica. Uma visão apoiada em melodias fundas que evocam memórias mais ou menos difusas. Essa capacidade que a sua música tem de evocar imagens levou a que vários convites fossem dirigidos a André Barros. A sua banda sonora para a curta metragem Our Father da norte-americana Linda Palmer, com Michael Gross no papel principal, é um dos resultados desse enamoramento pelo grande ecrã.
Vencedor do prémio para melhor banda sonora no Los Angeles Independent Film Festival Awards, atribuído no início de 2015, pelo seu trabalho na curta-metragem "Our Father", de Linda Palmer.
Les grottes de Mira de Aire se trouvent dans le centre du Portugal, pas loin de Fatima. Elles ont été découvertes en 1947. D’abord les spéléologues ont découvert une petite galerie puis au fur et à mesure de leurs avancées ils ont découvert des salles, d’autres galeries et encore d’autres salles. Un des premiers puits trouvés fait près de 20 mètres de profondeur. Aujourd’hui 11km ont été mis à jour, mais des galeries sont toujours explorées.
En se baladant on se sent tout petit. On monte et on descend au gré des couloirs et on se rend compte que la nature arrive à construire des formes magnifiques. Ces formes ont mis des milliers d’années à apparaitre et vont encore se modifier pendant les années qui arrivent. Il existe même des formes qui nous rappellent des constructions modernes. Toutes ses différentes structures sont dues à l’écoulement de l’eau et c’est le calcaire qui permet d’avoir des « ponts », des « rues », des « montagnes », des rivières.
J’ai pris beaucoup de plaisir à me balader sous terre dans une ambiance humide au milieu des cascades, des couloirs, des rivières souterraines, des flaques d’eau, des stalactites et des stalagmites et des gouttes d’eau qui tombent de temps en temps sur nos têtes. Sans le courage des premiers explorateurs qui ont eu l’idée de rentrer dans la première galerie trouvée, tout ce trésor serait resté caché sous nos pieds….
Si vous passez dans le coin, n’hésitez pas à y faire un tour la ballade vaut le coup.
Texte et photos de Silvia Soares pourLe Blog Aldeia de Gralhas
D'un point de vue graphique, il est indéniable que les oeuvres de Pantónio sont visuellement impressionnantes et travaillées. Ce ne sont pas tant les couleurs à dominante bleue qui captent notre regard, mais le mouvement incessant de ces êtres marins et imaginaires. Ça s'agite, ça grouille, ça angoisse, ça inquiète, ça nous intrigue, on aime et pourtant ... De tableau en tableau, les lignes s'entrelacent à l'infini, liaisons fibreuses et organiques qui nous entraînent dans une danse à la fois vertueuse et folle jusqu'à l' hypnose, semant en nous la confusion.
J'ai demandé à chacun de mes ami(e)s de choisir un tableau et de nous dire pourquoi l'ont-ils choisi... et je me suis également prêté à l'exercice.
"J'ai aimé avant tout les couleurs mais aussi le mouvement, la symétrie et tout cela en douceur .... comme si je plongeais avec le poisson et suivais ses mouvements" Virginie
"Lors de mon séjour à Macao et Hong Kong j'ai appris que dans la culture chinoise le poisson - ou mieux un certain type de poisson, la carpe kuoi - est associé à huit vertus. Je ne peux pas les énumérer toutes, mais je me souviens qu'il y avait le fait de savoir se déplacer en cercles pour aller là où elle veut aller, de nager avec aisance dans l'incertitude, de profiter pleinement de l'instant présent (sans laisser que celui-ci soit gâché par les prévisions pessimistes) et de rester calme et sereine même au milieu des tempêtes. Ce tableau m'a fait penser à ce vieux souvenir : des poissons aux longues nageoires qui tournent gracieusement autour de deux filets transversaux - qui peuvent représenter quelque chose de dur ou inflexible - devant une mer d'un vert un peu, pas trop joyeux, mais neutre et serein. Voici l'association d'idées qui m'a attiré vers ce tableau." Fernando
"Ce qui m’interpelle au premier abord est cette couleur bleue lumineuse. Puis ce sont les formes fluides, en mouvement comme des cheveux d’une femme dans le vent." Isabelle
"J'aichoisi ce tableau parmi tant d autres car c’était celui qui m'assurait un peu plus de positivité, qui allait vers la vie. Au premier regard, il m'inspire la continuité, la vie, l’amour, … Par la position des oiseaux, leur regard ainsi que les traits entrelacés de la peinture, je ressens du sacrifice, de la compassion, de la survie, du désespoir. En fait dans le même tableau j'arrive à voir tout et son contraire. Mais le mot final reste qu'il faut toujours s’accrocher à la vie." Filomena
« L’image en reflet (tête poisson, calme et attentif) nous fait presque oublier la vitesse et puissance de la masse opaque …de l’Atlantide ». José
"Ces êtres entrent dans la toile et envahissent l’espace… à la fois vie et tourmente. Chacun cherchant sa place dans un entremêlement sensuel. Le rouge sang symbolisant la vie, comme des cœurs battants. Comme si ces êtres sortaient d’un long sommeil, leurs regards sont empreint à la fois de naïveté et d’inquiétude." Maria-Yvonne
GALERIE ITINERRANCE Jusqu'au 28 octobre 2017 Ouvert du mardi au samedi de 12h à 19h 24bis Boulevard du Général Jean Simon 75013 Paris
Près de Hong Kong, l'ancien comptoir portugais redevenu chinois n'est pas intégralement tapissé de casinos. Ses bâtiments anciens témoignent de son passé mouvementé.
Nichée en haut d'une butte, l'église Madre de Deus se dresse face aux marches qui dévalent sur la place de la compagnie de Jésus. De cet édifice qui fut l'un des premiers construits par l'ordre religieux en Orient, il ne reste plus que la façade 400 ans plus tard. Tout comme à quelques pas de là, les ruines du collège Saint-Paul, la première université sur le modèle occidental en Asie.
Ces deux lambeaux d'histoire témoignent malgré les aléas et les siècles de la présence durable des Portugais dans ce confetti d'empire, en lisière de l'Extrême-Orient. A quelques brassées de Hong-Kong, non loin de Canton, au cœur du delta de la rivière des Perles, la fragile péninsule de Macau se laisse découvrir à pied, à travers les dédales de ruelles obscures aux rues relookées. A chaque détour, l'œil se fixe sur des détails du luxe et du lustre d'antan.
Malgré son rattachement à la République populaire de Chine en 1999, l'ancien comptoir de moins de trente kilomètres carrés persiste à faire valoir sa différence, symbolisée par un statut spécial, un régime politique unique et une monnaie spécifique, le pataca. L'administration comme la signalétique affichent d'ailleurs la particularité de Macau en trois langues : chinois, portugais et anglais. Visible sur les murs, cet héritage métis est encore vivace, à l'image de la tolérance multiconfessionnelle de cette cité dont la devise est : "Cité du nom de Dieu, il n'y a pas plus loyale."
En 1957, Joseph Kessel évoqua "une côte blanche et discrète, alanguie, engourdie même dans son quartier chinois d'un charme qui tournait toujours à l'envoûtement. On eût dit qu'une opération magique avait transporté des rives atlantiques l'essence du Portugal à la pointe extrême de la baie de Canton." En juillet 2005, le Macau lusophone sera inscrit au patrimoine mondial de l'Unesco, histoire de préserver le centre-ville historique, érigé ici avant que la ville moderne ne gagne inexorablement du terrain sur la mer.
Palais baroques portugais et temples bouddhiques, places finement tressées de dalles bichromes et forts aux solides remparts, Macau a plus d'un atour à faire voir : il suffit de cheminer entre le quartier San Ma Lo, qui fut le poumon commercial de la ville, et la péninsule Penha en front de mer, qui reste le meilleur endroit pour savourer la cuisine macanaise, du nom de la population créole, fruit des unions entre Portugais et Chinois.
A deux pas de là, la maison du Mandarin compile avec élégance styles chinois, portugais et indien tandis que le temple A-Ma accueille des cars de dévots bouddhiques... Avec, en toile de fond, des buildings qui grattent le ciel dans cette cité devenue en 2007 la capitale mondiale du jeu. En levant les yeux, le promeneur découvre au loin le phare de Guia, le plus ancien des mers de Chine du Sud, qui se situe sur le point culminant de la ville, au beau milieu d'un parc surpeuplé de gymnastes zen.
Un cliché emblématique de cette faille spatio-temporelle... Tout comme le vieux quartier de Tapai aligne vastes demeures coloniales et petites maisons chinoises, dont les murs gardent le souvenir émouvant des siècles passés, et qui sont désormais menacés par l'irruption de tours aux dimensions surréalistes.
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