O cantor Zé Manel conta, no primeiro disco em nome próprio e totalmente cantado em português, uma história de amor com ajuda de músicos como Surma, Luísa Sobral, José Cid e Tozé Brito.
“Este disco é uma homenagem, é uma história que eu vivi, e é se calhar o meu primeiro disco conceptual, um disco onde há muita verdade e onde há muito de mim e neste momento é isto que me faz sentido partilhar”, contou o músico à Lusa sobre “Off”, o primeiro trabalho que assina como Zé Manel, editado hoje.
O músico iniciou a carreira aos 14 anos, em 2003, como vocalista dos Fingertips. Mais tarde aventurou-se a solo como Darko e agora, aos 30, edita o primeiro disco em nome próprio e totalmente cantado em português.
O “ponto de viragem” para o cantor ter “muita vontade de fazer um disco integralmente em português” surgiu no final de 2015 com o tema “Não me digas”, que editou enquanto Darko, que “foi escrito com base numa saudade que é tão intrínseca aos portugueses, que não faria sentido escrever em qualquer outro idioma”.
“Depois de a compor e de descobrir, de certa forma, outra maneira de exprimir aquilo que estava a sentir, achei que uma música era muito pouco para tudo aquilo que eu queria dizer [sobre a história de amor]”, partilhou.
“Off” é composto por 12 temas, com os nomes dos 12 meses do ano, que contam uma história de amor “vivida entre 2012 e 2014”. “Criei esta ideia de contar essa história de amor ao longo dos meses de um ano, onde em cada mês há uma alusão a uma situação que fora vivida nessa relação nesse mesmo mês”, contou Zé Manel.
A história que viveu “foi uma aprendizagem, em termos pessoais, tão bonita”, que trouxe ao cantor “riqueza suficiente para a querer aprisionar num disco”.
Ao longo da carreira, o cantor escreveu todas as letras das músicas que gravou, mas em “Off” há duas exceções.
“Neste disco há pela primeira vez duas letras que não são minhas, mas foram duas pessoas a quem eu contei a história que me levou a escrever o disco e que souberam interpretá-la tão bem como se fosse sua. E quando eu recebi essas letras senti-me muito identificado com elas, senti que poderia ter sido eu a escrevê-las”, explicou, referindo-se a “Agosto”, escrita e composta por Luísa Sobral, e “Março”, da autoria de Pedro Chagas Freitas.
Embora seja um disco a solo, em “Off” Zé Manel rodeou-se de músicos de várias áreas, de Surma a José Cid, passando por Maro, Leigh Nash (Sixpence None the Richer), Ella Nor, Filipa Azevedo ou Tozé Brito.
“Uma das coisas que mais prazer me deu prazer neste disco foi o sem número de gente incrível e talentosa com quem tive oportunidade de colaborar”, afirmou.
Zé Manel vive a música como “um veículo de partilha” e, por isso, para ele “nunca fez sentido alguma desunião que às vezes se sente entre artistas, e algum preconceito entre pessoas de géneros [musicais] diferentes”.
“É muito raro vermos em Portugal duetos imprevistos e eu sinto que há muito preconceito de parte a parte, quase como se houvesse uma divisão entre os intelectuais, mais eruditos, e os popularuchos, que as massas gostam. E eu gosto de acreditar na música como um veículo de união, por isso deu-me tanto prazer partilhar um tema com a Surma, que é uma jovem de um segmento mais alternativo e que eu nunca imaginei que me dissesse que sim”, afirmou.
O músico também nunca imaginou poder gravar um tema com alguém que sempre admirou durante a adolescência, a norte-americana Leigh Nash, vocalista dos Sixpence None The Richer.
“Lembro-me muito do primeiro disco deles, que me foi oferecido pelo meu pai [que faleceu recentemente]. Resolvi mandar uma mensagem no Instagram à vocalista da banda, porque estava a ouvir uma música dela e dizer-lhe ‘estou a atravessar este momento da minha vida e continuo a ouvir a tua música e continua a fazer-me muito bem’. E ter um ídolo de adolescência do outro lado do mundo a dizer-me que sim, que quer participar... são estas pequenas vitórias e o lado humano destas parcerias a maior riqueza que levo da construção deste disco”, disse.
“Off” será apresentado a 3 de maio no Musicbox, em Lisboa, e Zé Manel promete um “ambiente íntimo, de partilha”, onde “as pessoas não se inibam de chorar ou de rir ou de subirem ao palco e partilharem as suas histórias, porque é um disco sobre amor e amor é como a música, é partilha”. Mag.sapo.pt
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