José Vilhena é o autor incontornável do humor em Portugal. A sua obra, na tradição de Gil Vicente, Bocage ou Bordalo Pinheiro, é uma crónica dos tempos. Umas vezes pela crítica de costumes, outras vezes no olhar sobre a política, outras sobre a Igreja e, quase sempre, sobre a mulher.
Vilhena nasceu em 1927, teve sarampo e todas as outras doenças peculiares nas crianças a quem a providência divina não ligou grande importância. No liceu foi perseguido pelos professores que o chumbaram sempre que puderam. Na Escola de Belas Artes foi um incompreendido. Tragédias sobre tragédias vão-se acumulando como nuvens no céu da sua vida. Aos 20 anos teve uma pneumonia. Aos 21 uma loira. Aos 23 foi chamado a cumprir o serviço militar.
Aos 24 conhece uma daquelas mulheres que põem o juízo em água ao mais «sabido». Aos 25 é obrigado a trabalhar numa casa que traficava vinhos. Aí adquiriu uma inclinação muito acentuada para a bebida. Aos 26 vários dramas sentimentais (a carne entra também no sentimentalismo dele) tornam-no um descrente na humanidade, principalmente na parte feminina da humanidade. Aos 27 publica o seu primeiro livro (Este mundo e outro) e é apedrejado pela crítica de alguns jornais.
Aos 28 tem uma paixão dupla (fenómeno raríssimo) isto é: apaixona-se por duas mulheres simultaneamente. Aos 29 publica o seu 2.º livro (Pascoal). Aos 30 conhece uma morena. Esta última tragédia assume proporções tão catastróficas que alguns amigos admitem ser o ponto final de uma vida inteiramente dedicada às artes e à contemplação da natureza (ou melhor – de certos espécimes da natureza).
Autobiografia 1958.
© José Vilhena | desenho publicado na 'Gaiola Aberta' nº 42 | 15 de Novembro de 1976 | páginas centrais
© José Vilhena | desenho publicado na 'Gaiola Aberta' nº 71 | Setembro 1978
© José Vilhena | desenho publicado na 'Gaiola Aberta' nº 61 | Fevereiro de 1978
Outubro de 1974
© José Vilhena | desenho publicado na 'Grande Enciclopédia VILHENA ' nº 3 | Junho de 1973 | ilustra a palavra 'AGACHAR-SE'
© José Vilhena | desenho publicado na 'Gaiola Aberta' nº 73 | Novembro de 1978 e na 'Gaiola Aberta' nº 83 | Setembro de 1979
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