Das centenas de comentários que fui lendo, a propósito da votação favorável à adopção de menores por casais do mesmo sexo, dois deles conquistaram a minha atenção: um da autoria do deputado do CDS/PP – Anacoreta Correia – e um outro deixado no site do JN por um cidadão de sua (inteira) graça Carlos Teixeira.
Enquanto Anacoreta achou por conveniente alertar que “há factos que convém lembrar: nasce-se biologicamente do feminino e do masculino”, já Carlos Teixeira fez questão de sublinhar que “agora que aceitamos a panneleirada já somos um país civilizado”.
Se Anacoreta veio confirmar a triste realidade que é a existência no Parlamento, de deputados cuja clarividência fica muito áquem do óbvio e daquela que deveria ser a desejável representação(?) popular, já o comentário de Carlos Teixeira – também ele pouco elaborado e nada erudito – deixou clara a ligação directa entre representado e representante. Muito embora nenhum dos dois tenha tido o mérito de acrescentar um degrau que fosse ao conhecimento básico e elementar necessário à espécie humana, também não se poderá negar que qualquer um deles tenha fugido à verdade para dizer o óbvio.
Dito isto, gostaria não só de agradecer o empenho de todos aqueles que tornaram possível garantir que os direitos das crianças passem a existir na lei e na vida de todos os dias como realçar a atitude dos deputados da direita – 19 ao todo – que apoiaram qualquer uma das medidas que finalmente vieram concretizar direitos fundamentais.
O meu aplauso vai para todos os que disseram Sim na passada sexta-feira e um outro muito especial para Paula Teixeira da Cruz, Teresa Leal Coelho, Berta Cabral, Ana Oliveira, Ana Sofia Bettencourt (todas do PSD) e Teresa Caeiro e Ana Rita Bessa (ambas do CDS-PP) que contrariaram a orientação de voto dos respectivos partidos.
Avance-se, agora, para a co-adopção promovendo, desse modo, o bem-estar e segurança das crianças, não as afastando da sua zona afectiva de conforto.
Uma última nota: Caro Carlos Teixeira, se por mero acaso ler este meu artigo, fique sabendo que paneleirada se escreve apenas com um único n. Fora isso, estou inteiramente de acordo consigo: Já somos um país civilizado – graças a todos aqueles que, independentemente da sua orientação sexual, não cometem erros de lana caprina. Muito menos ortográficos e, menos ainda, de educação.
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