A Ana Cláudia poderia ter sido bailarina ou actriz, mas a música falou mais alto e licenciou-se em Jazz pela Escola Superior de Música de Lisboa. Um ano depois de ter integrado a colectânea Novos Talentos Fnac com “O Caminho Dela”, lança o seu disco de estreia "De Outono", pelo selo da NOS Discos.
“Na categoria das coisas mais valiosas, há duas que são cruciais: o tempo e a memória. O tempo é irrecuperável. A memória persiste até ficar.
Mas vamos ao que interessa. A doce voz da Ana Cláudia é o baloiço de madeira em canções de qualidade ímpar com letras de quem não finge sentir. Estamos perante uma monstruosa lição de canto para qualquer um de nós, e com a produção desarmante do Ben Monteiro, ‘De Outono’ aperalta-se para preencher o lugar que há muito o aguardava. Aqui não há margem para discussões sobre gostos ou apreciações. Aqui não é dada sequer a hipótese a uma outra margem. Só há espaço para entrar, despir tudo e contemplar a brilhante atmosfera para onde somos transportados a cada pulsação de avanço, como um rio que transborda todas as memórias que merecem estar à tona.
‘De Outono’ é seguramente o disco pop mais certeiro que uma voz feminina ameaça lançar desde o princípio da década de noventa. Esta é uma entrada a pés juntos no panorama musical português. O que faz falta já não é animar a malta. O que faz falta são os discos únicos. E, em passo calmo, é isso que a vertiginosa Ana acaba de conseguir. Sorrindo, pode esperar de si tudo o que bem quiser ser. O mundo agora já pode fechar. Ouvimos e tombamos de uma pequena árvore como uma folha de Outono que voa, levanta, poisa, levanta, esvoaça, voa, sobe e sobe, torna a poisar. Podem as gentes insensíveis tentar calcá-la mas será para sempre o que foi: a mais bonita folha de Outono a rodar como um pião no coração.”
- Pedro de Tróia
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