Tell a Story é uma livraria sobre rodas que circula por Lisboa dando a conhecer, aos turistas estrangeiros, autores da literatura portuguesa traduzidos para inglês, francês, alemão e espanhol. Contando e encantando, esta Renault Estafette, de 1975, tornou-se numa biblioteca de histórias. Mas, "mais do que a carrinha, que já tanto conta, queremos que as pessoas levem uma história de Portugal, escrita por portugueses", frisa Francisco Antolin, 35 anos, um dos protagonistas desta 'narrativa'. Domingos Cruz, da mesma idade, a outra 'personagem principal', acrescenta que o projeto é uma confluência entre os escritores, a livraria e os turistas. "Os livros contam uma história, nós contamos sobre os escritores e os turistas contam-nos sobre as suas preferências literárias e vivências em Portugal."
Já há muito tempo que Francisco e Domingos são duas figuras do mesmo conto. Crescidos no mesmo bairro lisboeta e colegas de liceu, foram sempre bons amigos da literatura. Sem jeito para a música, como alternativa ao típico sonho juvenil de formar uma 'banda de garagem', criaram uma livraria ambulante. A ideia nasceu, há cerca de um ano, da dificuldade de Domingos em encontrar uma tradução de Os Maias, para oferecer a um amigo chileno. Assim, conjugando o objetivo de dar a conhecer autores portugueses, e prazer de viver numa narrativa multicultural, os dois amigos geram um enredo entre Literatura e Viagem - o início de um potencial romance, que já promete um final feliz.
Além de um símbolo para 'viagem', a carrinha surge associada a mobilidade e ao 'desassossego' que é andar atrás dos turistas. João Correia Pereira, 35 anos, responsável pela comunicação e publicidade, ajudou a conceber a imagem do projeto.
"No princípio tínhamos medo da reação dos portugueses, por não termos material para eles", diz Francisco. Uma expectativa que, logo na semana de estreia, assinalou o primeiro twist desta história, tendo sido, a Tell a Story, recebida com votos de sorte e muito apoio, tanto pessoalmente como nas redes sociais. Inovador, genial, intrigante, notável: são os adjetivos com que alguns entusiastas qualificam esta ideia de trazer a literatura para a rua.
"É uma excelente iniciativa para promover os autores nacionais", afirma, uma 'vítima' da curiosidade, Sofia Rocha, 31 anos, depois de Francisco lhe apresentar a recém-chegada tradução alemã de O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.
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