Não adormeças: o vento ainda assobia no meu quarto
e a luz é fraca e treme e eu tenho medo
das sombras que desfilam pelas paredes como fantasmas
da casa e de tudo aquilo com que sonhes.
Não adormeças já. Diz-me outra vez do rio que palpitava
no coração da aldeia onde nasceste, da roupa que vinha
a cheirar a sonho e a musgo e ao trevo que nunca foi
de quatro folhas; e das ervas húmidas e chãs
com que em casa se cozinham perfumes que ainda hoje
te mordem os gestos e as palavras.
O meu corpo gela à míngua dos teus dedos, o sol vai
demorar-se a regressar. Há tempo para uma história
que eu não saiba e eu juro que, se não adormeceres,
serei tão leve que não hei-de pesar-te nunca na memória,
como na minha pesará para sempre a pedra do teu sono
se agora apenas me olhares de longe e adormeceres.
Maria do Rosário Pedreira
de A Casa e o Cheiro dos Livros
Ha gente que nem o sono leva, porque regressa pelo sonho.
Rédigé par : Cristina Afonso | 02/12/2012 à 21:59
Si tu as quelques rêves en double, on peut faire des échanges !
Rédigé par : Serge Prioul | 06/12/2012 à 23:03
A proposito de Sonhos... e de não adormecer.
Sonho
Sonhando, pareceu-me estares ao meu lado,
Na certeza do sonho, dessa realidade duvidei.
Lúcido e consciente perante o sonho encantado,
Acreditei e gozando, dessa realidade acordei.
Horácio Ernesto André - Março 2002
Rédigé par : Horácio Ernesto André | 12/12/2012 à 22:40