Portugal esquecido (Entre Mirandela e Viseu)

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[Rédigé par : Horácio Ernesto André]

As histórias evocadas pelo documento, infelizmente, não são raras. Para além da emoção que senti, com a evocação destas duas histórias de vida, sou sensível a esta realidade a que assisto, deste há algumas décadas. Sou Beirão e tenho percorrido muitas aldeias esquecidas do interior, de Trás-os-Montes ao Baixo Alentejo. As imagens parecem cópias decalcadas de ruas de aldeias em que já passei e observei. Como Beirão, e aldeão de alma, conheço "in loco" muitas destas vivências, tanto de parentes próximos, como de pessoas mais ou menos afastadas. De todas me vem a mesma emoção, à mistura com um certo sentimento de culpabilidade; exactamente como o que senti ao visionar o documento. A realidade evocada, é sobejamente sabida por uns e por outros. Uns por terem contribuído, à diminuição da população, deixando a aldeia na perspectiva de melhorar a sua condição, nas cidades do litoral ou como eu, no estrangeiro. Outros, sem deixarem as suas terras, melhoraram a sua condição, e tomaram, (quantas vezes), posições de responsabilidade e peso na sociedade civil, e assistem de perto ao despovoamento do interior. Alguns, tem lutado pelo desenvolvimento dos seus bairros e aldeias, melhorando e até criando algumas infra-estruturas, que de resto, são de louvar. Porém, a tendência não se inverte, apesar de algumas bonitas iniciativas. Mas, quantos dos que poderiam contribuir ao desenvolvimento da faixa que vai da raia, até uma linha que vai de Chaves a Abrantes, ou pelo menos evitar o "degredo" a que vamos chegando, não o fizeram? Será que devemos sentir-nos CULPADOS POR TER-MOS DEIXADO A TERRA Natal, ou ALGUEM DEVERIA SER RESPONSAVEL POR NAO EVITAR QUE ISSO ACONTECESSE, em tempos, mas também que ainda hoje aconteça. Os movimentos, tanto de emigração, como de imigração, não aconteceram só há 60 - 50 - 40 ou 30 anos. INFELIZMENTE CONTINUAM AINDA HOJE. Porque sera?
05/11/2011- Horácio Ernesto André