"...vou contar-te de forma muito abreviada, duas lembranças de Natal.
A primeira data dos meus 4 ou 5 anos de idade, de que me recordo viver o “mistério de Natal” com a inocência própria dessa idade.
Nessa época não era o Pai Natal que deixava as prendas no sapatinho, era O Menino JESUS.
Crente em tal feito, acreditei também poder vê-lO, e nesse Natal, não me deixei embalar pelo sono. Esperava poder assitir à vinda do Menino JESUS.
Ávido desse momento, fiquei demoradamente, com a respiração suspensa, à espera do primeiro sinal da sua presença.
Já entre o sono e o receio da confrontação, levantei-me pé ante pé, logo que ouvi movimento. Não era O Menino JESUS.
Destingui o cochicar de meus queridos pais no escuro, na sua azáfama de colocar nos sapatinhos, (meu e de meu irmão) as coisas tão simples mas tão fofas, que dos árduos sacrificios deles sobejavam.
Entre a desilusão de não ter visto o Menino JESUS, e a satisfação de ter desvendado o “mistério de Natal”, recolhi à cama, e entreguei-me ao sono, sereno e feliz.
De madrugada, fui ver o sapatinho, e continuei feliz por me sentir contemplado, com aquelas pequenas coisas, um lenço, peúgas, e alguns bonbons...
Resta uma mensagem desse Natal, que com o tempo se tornou numa convicção. Natal é Partilhar; Natal é não estar só.
Paradoxalmente, o Natal dos meus 16 anos foi um Natal de solidão...
Noite de Consoada sozinho no meu quarto de pensão...
Dia de Natal, sozinho, vagueando pelas ruas da cidade do Porto, onde vivia.
Desde então, não voltei a querer passar Natal sem os meus Pais, ainda que para isso seja a custo percorrer quase 4 000 Km em 3 dias...
Porque Natal sem Familia, Não é Natal!"
(...)
Horácio Ernesto André – 23/12/2007
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