Mascosêlo:
Esta terra, com pouco mais de 20 habitantes, situa-se nas encostas da Serra do Marão. Quem lá vive, dedica-se à lavoura – passa o tempo entre o campo e a rotina de casa, esperando pelos dias de agitação, quando os filhos vêm visitar a terra dos pais e dos avós. Os soutos preenchem a paisagem desta terra, quase abandonada, que está a tornar-se numa aldeia de férias em agosto. Este é o retrato real de uma das zonas mais desertificadas do país.
Há mais de seis anos começava a experiência de gravar e fotografar uma causa: o combate à desertificação, o alerta social, a valorização das terras e da gente. A Última Lavoura Desta Terra não foi apenas um projeto visual, foi um manifesto de urgência pela intervenção do poder local numa terra onde não há gente que chegue para um banquete.
Se posso afirmar que algo mudou? Não posso. O mal mantém-se porque o pensamento geral do poder político é mesmo: poucos votantes não merecem atenção. A dignidade dos cidadãos só se coloca em causa quando é notoriamente causador de impacto.
Mas hoje há quem conheça melhor esta terra. E esta gente teve o reconhecimento devido. Alguém que preserva na sua bagagem um espólio de tradição oral, boa parte dele já perdido no tempo e enterrado com alguns deles.
Mais de seis anos depois, volto a pegar nos registos fotográficos, alguns que nunca utilizei, e reedito aquele que foi o primeiro projeto documental desde que acabei de me licenciar.
É sempre bom voltar a casa.
ses sites
Commentaires