José chegou a França em maio de 1969, tinha ele 16 anos. Naqueles tempos todos tinham vontade de fazer mudar as coisas em Portugal, uns mais que os outros. José era jovem idéalista, cheio de esperanças que teve a sorte de encontrar amigos "soixante-huitards" e muito rapidamente ele entrou no militantismo.
"Dei uma volta ao passado para melhor navegar no futuro.
Nos anos 70, conheci um casal de porteiros que viviam em Paris 07. Ele Valerio, ela Teresa (porteiros numa associação religiosa).
Tinham 2 filhos, rapazes com menos de 5 anos, um deles chamava-se Batista o outro já não me lembro.
Desconhecia as origens deles, sabia que eram opositores ao regime salazarista da época, ouvi dizer na altura que a Teresa era filha dum juiz lisboeta, quanto ao Valerio, nunca soube nada da vida dele.
Como os conheci, já não me lembro, mas provavelmente pelos meus amigos franceses, Yves e Jérôme, aqueles que foram as pessoas mais importantes para mim quando cheguei a Paris em 1969. Ensinaram-me tudo o que necessitava naquela altura : transformar-se num homem.
Voltamos ao Valerio e à Teresa... Parecia-me um casal "atípico", devido à diferença de idade. Ele teria quarenta e tal e ela vinte e tal.
Eram muito simpáticos, ali era um lugar de encontro onde se falava de tudo, abertamente, mas os temas principais eram ligados à política.
Passavam por ali muitas pessoas de todos os meios sociais, mas o ponto comum, era a luta pela liberdade.
Produziamos um jornal em português que distribuímos em qualquer sítio onde houvesse portugueses : mercados, cafés, associações .....
Tenho muita pena mas já nem me lembro o nome do jornal, o director era um padre francês.
Neste grupo de pessoas, cada um fazia o que podia, o Vasco era o cartunista.
Neste momento, o que nos movia a todos era a luta pela liberdade, a democracia, para melhor compreender as coisas, cheguei a seguir aulas de economia marxista aos sábados de manhã.
Cada um de nós ao nosso nível contribuiu para que o nosso país passasse a ser um país libre e moderno.
Quanto aos meus amigos, Valerio e Teresa, em abril 1974 regressaram a Portugal.
Portanto, imagino, tenho a certeza que são muito felizes, porque eles sim, emigraram para regressar e regressaram porque lutaram por isso.
Quanto mim......."
"Quanto a mim ......."
A vida evoluiu positivamente e o meu estato social evoluiu.
Passei de emigrante a cidadão do mundo.
José da Silva Rey
Rédigé par : José da Silva Rey | 06/03/2017 à 09:46
Respect José,abraço meu Amigo
Rédigé par : Roth mathieu | 12/03/2017 à 18:23