Segue as correntes modernistas sem esquecer a infância passada no MInho. Sarah Affonso (1899-1983) cultiva uma certa arte popular e, contra todos os preconceitos, afirma-se como pintora nas primeiras décadas do século XX.
Nasce em Lisboa, passa infância e adolescência no Minho e nunca mais perde a ligação a essas paisagens e costumes nortenhos. Memórias de festas, procissões, romarias que mais tarde irá transpor com cores vivas e luminosas para a sua obra. Dessa fase é o quadro “Casamento na Aldeia” de 1937.
Sarah Affonso estuda pintura na academia de Belas-Artes em Lisboa, onde é aluna de Columbano Bordalo Pinheiro e, antes de prosseguir estudos em Paris faz a sua primeira exposição na Sociedade de Belas Artes.
Na capital francesa conhece um outro mundo, outra mentalidade, uma outra pintura, que moldam o seu percurso enquanto artista e lhe acentuam o espírito independente que sobressai numa sociedade hostil ás mulheres. Sarah é a primeira a frequentar o café Brasileira, no Chiado.
Das exposições individuais e coletivas guarda críticas positivas, mas em quase todas perpassa um certo tom paternalista. Sarah Affonso é também ilustradora de livros para crianças. São dela os desenhos de “A Menina do Mar” de Sophia de Mello Breyner Andresen. Chega a viver de trabalhos que realiza no tricot e bordado, cujos motivos populares irá depois reciclar na pintura.
Aos 35 anos casa-se com Almada Negreiros, modernista multifacetado cuja personalidade admirava. Um novo tema entra então na sua vida e nos seus quadros, a família. O retrato que fez de um dos filhos recebe o prémio Amadeo de Souza-Cardoso.
Apesar das influências que recebe de Almada, a linguagem pictória de Sarah Affonso mantem uma “poética da ingenuidade”, uma “figuração de raíz ingénua”.
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