Em Arraiolos fazem-se tapetes com nome inspirado na toponímia da vila alentejana. Labores que aguardam uma certificação de origem, enquanto bordadeiras continuam a dar vida às telas. Com lã se desenham flores, animais e padrões geométricos. A multiplicidade de cores dos tapetes espreita a cada esquina na localidade alentejana de paredes brancas.
Sara Pelicano
Arraiolos assoma na planície com o seu castelo. As ruas empedradas são ladeadas de casas, esmeradamente caiadas e janelas emolduradas, umas a azul, outras a amarelo. Chegamos com um Sol já baixo. Depois do silêncio das horas quentes, as gentes da vila alentejana acorrem aos postigos das portas, seguem até às esplanadas. Quem durante o dia trabalhou entre quatro paredes, sai à rua para «dois dedos de conversa».
À porta da sua loja, nos tais «dois dedos de conversa» com uns conhecidos, encontramos Maria de Fátima Fortes. É proprietária de uma loja de Tapetes de Arraiolos. O ofício aprendeu-o aos 14 anos em casa, profissionalizando-se mais tarde numa das primeiras fábricas de tapetes que houve na vila.
A origem dos tapetes que se apoderaram do nome da vila alentejana perde-se no tempo. Estima-se, no entanto, que o ponto oblíquo que caracteriza estas peças data do século XV.
A chegada a Arraiolos terá acontecido por volta de 1496, quando algumas famílias mouriscas ao serem expulsas de Lisboa pelo rei D. Manuel I assentaram arraiais na vila. Os anos passaram e a produção cresceu. Na primeira metade do século XVIII, Arraiolos já fornecia outras regiões do País. Tornava-se o principal centro deste tipo de bordado.
A decoração da casa, no chão, na parede, nas mesas e arcas, era a principal função deste artigo manual. Além do ponto, oblíquo como se disse, estes tapetes distinguem-se pelos materiais. São bordados a lã de diversas cores sobre tela de linho, estopa, grossaria ou canhamaço.
Maria de Fátima Fortes comenta que o negócio está parado. Actualmente trabalha apenas por encomenda. Mas este facto prende-se não só aos parcos recursos económicos dos dias de hoje, mas também com a falta de certificação de origem dos Tapetes de Arraiolos.
«Eu trabalho na base da encomenda porque a pessoa vem ver que está a ser feito passo a passo, manualmente. Quando são pessoas de longe envio as fotografias de cada passo para que veja o processo em construção e não possa haver duvida que foi aqui feito e à mão», sublinha.
Fátima revela ainda esperança numa equipa que virá averiguar os tapetes durante a festa dedicada aos mesmos. «Parece que vêem ver que a originalidade e autenticidade dos tapetes por causa da certificação», diz, confessando não ter grandes pormenores.
A festa «O Tapete está na Rua» decorre no centro histórico da localidade de 3 a 13 de Junho.
Na loja, que possui há 26 anos, Maria de Fátima conta com a ajuda de duas funcionárias. No dia da nossa visita uma das bordadeiras estava ausente, mas tivemos a oportunidade de falar com Francisca.
«Na minha aldeia, no Vimieiro, aprendi com os mais velhos a fazer os tapetes. Como precisava de ter um ofício, dediquei-me a esta arte. Há 24 anos que sou bordadeira de Tapetes de Arraiolos», conta, desviando por fim o olhar e as mãos laboriosas, conhecedoras da rate, do desenho.
No processo de bordado há etapas a construir. Passar as meadas de lã pela dobadoura, utensílio de madeira com quatro paus que fazem um quadrado que gira sobre uma roca. A meada de lã é colocada pelos quatro paus, pega-se numa ponta e começa a enrolar. A roca vai girando e faz com que o fio da meada se desenrole.
«Na hora de bordar tirar a lã do novelo é mais fácil», comenta Francisca. «Em seguida vem aquilo que menos gosto de fazer que é o contorno do desenho. Bem, eu gosto porque não é monótono, mas quando me engano e tenho de desfazer, custa muito», confessa.
Uma vez o contorno concluído, faz-se o enchimento. Como alternativa fica a possibilidade de colocar uma franja.
Também a origem dos desenhos se perde no tempo. Os motivos que chegaram aos nossos dias serão sobretudo inspirados na Pérsia. Pelo ano de 1600, mercadores que transaccionavam alcatifas espanholas e orientais terão recorrido à experiência alentejana para que fossem feitos artigos com decorações persas.
A origem mourisca terá assim passado para uma influência oriental. Imitaram-se sobretudo os modelos da Pérsia Oriental.
As influências dos Tapetes de Arraiolos parecem ser várias e dispersas no tempo. No entanto a arte ficou até aos dias de hoje e faz-se por mulheres orgulhosas em colocar na tela flores, animais e mesmo desenhos geométricos. Extrato do site Café PORTUGAL
A origem dos tapetes que se apoderaram do nome da vila alentejana perde-se no tempo. Estima-se, no entanto, que o ponto oblíquo que caracteriza estas peças data do século XV.
A chegada a Arraiolos terá acontecido por volta de 1496, quando algumas famílias mouriscas ao serem expulsas de Lisboa pelo rei D. Manuel I assentaram arraiais na vila. Os anos passaram e a produção cresceu. Na primeira metade do século XVIII, Arraiolos já fornecia outras regiões do País. Tornava-se o principal centro deste tipo de bordado.
A decoração da casa, no chão, na parede, nas mesas e arcas, era a principal função deste artigo manual. Além do ponto, oblíquo como se disse, estes tapetes distinguem-se pelos materiais. São bordados a lã de diversas cores sobre tela de linho, estopa, grossaria ou canhamaço.
Maria de Fátima Fortes comenta que o negócio está parado. Actualmente trabalha apenas por encomenda. Mas este facto prende-se não só aos parcos recursos económicos dos dias de hoje, mas também com a falta de certificação de origem dos Tapetes de Arraiolos.
«Eu trabalho na base da encomenda porque a pessoa vem ver que está a ser feito passo a passo, manualmente. Quando são pessoas de longe envio as fotografias de cada passo para que veja o processo em construção e não possa haver duvida que foi aqui feito e à mão», sublinha.
Fátima revela ainda esperança numa equipa que virá averiguar os tapetes durante a festa dedicada aos mesmos. «Parece que vêem ver que a originalidade e autenticidade dos tapetes por causa da certificação», diz, confessando não ter grandes pormenores.
A festa «O Tapete está na Rua» decorre no centro histórico da localidade de 3 a 13 de Junho.
Na loja, que possui há 26 anos, Maria de Fátima conta com a ajuda de duas funcionárias. No dia da nossa visita uma das bordadeiras estava ausente, mas tivemos a oportunidade de falar com Francisca.
«Na minha aldeia, no Vimieiro, aprendi com os mais velhos a fazer os tapetes. Como precisava de ter um ofício, dediquei-me a esta arte. Há 24 anos que sou bordadeira de Tapetes de Arraiolos», conta, desviando por fim o olhar e as mãos laboriosas, conhecedoras da rate, do desenho.
No processo de bordado há etapas a construir. Passar as meadas de lã pela dobadoura, utensílio de madeira com quatro paus que fazem um quadrado que gira sobre uma roca. A meada de lã é colocada pelos quatro paus, pega-se numa ponta e começa a enrolar. A roca vai girando e faz com que o fio da meada se desenrole.
«Na hora de bordar tirar a lã do novelo é mais fácil», comenta Francisca. «Em seguida vem aquilo que menos gosto de fazer que é o contorno do desenho. Bem, eu gosto porque não é monótono, mas quando me engano e tenho de desfazer, custa muito», confessa.
Uma vez o contorno concluído, faz-se o enchimento. Como alternativa fica a possibilidade de colocar uma franja.
Também a origem dos desenhos se perde no tempo. Os motivos que chegaram aos nossos dias serão sobretudo inspirados na Pérsia. Pelo ano de 1600, mercadores que transaccionavam alcatifas espanholas e orientais terão recorrido à experiência alentejana para que fossem feitos artigos com decorações persas.
A origem mourisca terá assim passado para uma influência oriental. Imitaram-se sobretudo os modelos da Pérsia Oriental.
As influências dos Tapetes de Arraiolos parecem ser várias e dispersas no tempo. No entanto a arte ficou até aos dias de hoje e faz-se por mulheres orgulhosas em colocar na tela flores, animais e mesmo desenhos geométricos. Extrato do site Café PORTUGAL
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