"A cada quatro anos a tradição repete-se em Soutocico, Leiria. Em sinal de protesto contra a igreja, que proibia o consumo de carne durante a Quaresma, a população enterra o bacalhau. Paz à sua alma.
Ha padres, feiras, bispos e cardeais. Há discursos, homilias, testamentos, certidões de óbito lidas em voz alta. Há marcha fúnebre, carpideiras que choram e muito povo a assistir aos mais de 300 figurantes e personagens que se incorporam no cortejo do Enterro do Bacalhau que acontece no Soutocico, Leiria, de quatro em quatro anos, num protesto tradicional contra a igreja que proibia o consumo total de carne durante a Quaresma mas que abria uma excepção a todos os que comprassem a bula, indulto que só servia os mais abastados.
A maioria do povo socorria-se do peixe mais barato: o bacalhau. Durante a ditadura de Salazar, o Enterro do Bacalhau esteve proibido e foi retomado com o 25 de Abril. Dura duas horas, algumas lágrimas dignas de actores profissionais e muitas gargalhadas. No cortejo, ninguém de descose e mantém-se a solenidade do evento."
Francisco Mendes foi o vencedor do Concurso de Fotografia JORNAL DE LEIRIA/Enterro do Bacalhau 2016, com uma série de 12 fotografias a preto e branco, em formato fotoreportagem, do grande teatro humorístico de rua que, a cada quatro anos, se realiza na aldeia de Soutocico (Arrabal), Leiria.
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