"Dezembro de 91: Uma decisão política encerra metade da centenária linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. Quinze anos depois, o apito do comboio apenas ecoa na memória dos transmontanos. A sentença amputou o rumo de desenvolvimento e acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal, tornando-o no país mais centralista da Europa Ocidental.
«Pare, Escute, Olhe» é um documentário do realizador Jorge Pelicano sobre o que está a acontecer na linha do Tua, no quadro de uma região transmontana abandonada. O filme venceu seis prémios nacionais, incluindo Melhor Documentário Português no DocLisboa 2009 e o Grande Prémio do Ambiente no CineEco 2009, em Seia. Já está nas telas dos cinemas de Lisboa e Gondomar e brevemente no resto do país.
Os velhos resistem nas aldeias quase desertificadas, sem crianças. A falta de emprego e vida na terra leva os jovens que restam a procurar oportunidades noutras fronteiras. Agora, o comboio que ainda serpenteia por entre fragas do idílico vale do Tua é ameaçado por uma barragem que inundará aquela que é considerada uma das três mais belas linhas ferroviárias da Europa.
É uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada.
Tendo a linha do Tua como fio condutor, entre Bragança e Foz Tua, a obra de Pelicano comporta duas realidades: troço desactivado o e o troço activo. No primeiro, o comboio já não circula, os autocarros que vieram substitui-lo há muito que desapareceram, aldeias sem um único transporte público, isoladas.
No troço activo, o anúncio da construção de uma barragem no Foz Tua, em nome do progresso, encaixada num património natural e ambiental único, ameaça o que resta da centenária linha.
Assume-se como um documentário de reflexão e militante na defesa do património do Vale do Tua."
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